segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

As faces de Dilma

Dilma Roussef, enfim, apareceu sem peruca, que passou a usar devido às sessões de quimioterapia para combater o câncer linfático. O novo visual, cabelos curtos e escuros, com uma franjinha meio Beatles, dá um ar um tanto moderno, mas não é o visual que provavelmente os marqueteiros petistas desejam.


Dilma sempre possuiu um visual técnico, com roupa social e óculos a ocultar qualquer traço feminino contido nela. Roussef aparentava negar o próprio sexo a favor de um discurso (em tese) neutro, e, a qualquer traço de vaidade, como um batom mais chamativo, por exemplo, a neutralidade de seu discurso estaria comprometida.


A partir do momento no qual Dilma entra em uma disputa eleitoral, a sua imagem neutra teria de mudar e foi detectado, corretamente, a necessidade da candidata assumir o seu aspecto feminino. Demonstrar um pouco de vaidade, ressaltando um aspecto mais pessoal, faz com que o eleitor simpatize com essa pessoa que, afinal, é uma mulher, gente como a gente, não uma burocrata tecnicista a desferir palavras de como as coisas devem ser feitas.


Chegando as eleições, a possível imagem da Dilma pode ser a da guerreira a lutar contra um câncer, a de uma mulher feminina cuja peruca foi abandonada na tentativa de se despir do jargão técnico e burocrata. Vai ver, funciona.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Semana

15 anos da morte de Tom Jobim
O autor de "Wave" morreu em 08/12/1994 e pouca gente se lembrou; mesmo a Rede Globo, emissora que utiliza a voz do maestro diariamente como tema de novela, nada falou. Vai ver, Ivete Sangalo deve ter melhor sorte no imaginário popular.

O assistencialismo de Arruda
José Roberto Arruda, em acordo de cavalheiros, desfiliou-se do DEM para evitar o mal estar de uma expulsão às vésperas das eleições. Além do escândalo do mensalão, eu atento para a explicação de Arruda ao legitimar o corrupto dinheiro: compra de panetones. Mesmo que a tal compra fosse verdade, seria um descaso com a verba pública o gasto assistencialista tão mal investido.

"Quero saber se o povo está na merda e quero tirar o povo da merda em que se encontra".
Do presidente Lula, no Maranhão, ao prometer, para cerca de 2 mil pessoas, que iria investir mais em saneamento.
Lula muitas vezes fala como se estivesse numa mesa de bar entre amigos e isso é engraçado, mas tem limite. O Presidente da República Federativa do Brasil tem de demonstrar, pelo menos, certo decoro e evitar palavras como "merda". Saneamento básico, afinal, é uma questão séria.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Fluminense como paradigma da redenção cristã

O Fluminense garantiu hoje, após empate com o Coritiba, sua permanência na série A do Campeonato Brasileiro de 2010. Depois de uma longa estadia na última posição do Campeonato e, em determinado momento, praticamente sem chances matemáticas de se safar do rebaixamento, o time das Laranjeiras começou uma operação digna de um milagre.

Alternando-se entre jogos da Copa Sul-Americana e do Brasileirão, o Fluminense passou a desempenhar uma série invicta e a realizar grandes apresentações. O que mais chamou a atenção foi a simpatia com que o time acabou sendo acolhido por outras torcidas. Até flamenguistas declararam-se torcedores do rival.

Mais do que gostar do bom futebol apresentado pelo Fluminense, o motivo para o interesse dos torcedores de outros times advém das condições nas quais o resultado veio. O Flu conquistou o seu lugar no coração de todos por representar o modelo típico da redenção cristã.

Dentro da mitologia do cristianismo (e talvez a figura mais representativa dela) está a do sujeito em busca de redenção, aquele o qual após pecar, descobre a Palavra e é convertido. Santo Agostinho e São Paulo, duas das figuras máximas cristãs, eram pecadores que foram convertidos em busca de redenção.

E aí entra o futebol. O Fluminense, na zona de rebaixamento, era o exemplar do pecador em estado de desgraça. Perdia jogos e seus jogadores eram desacreditados. Mas, então, como o apóstolo da Palavra, chega Cuca e, na tentativa de já preparar o time para a série B, começa a eliminar jogadores mais antigos, como o zagueiro Luiz Alberto e o goleiro Fernando Henrique. Tal medida é a do cristão expiando seus pecados para se converter à vida santa. E hoje, enfim, o Fluminense é convertido e segue na série A do Campeonato Brasileiro.

Portanto, é atuando como o paradigma da redenção cristã dentro do nosso inconsciente que o Fluminense angaria a simpatia dos diversos torcedores do Brasil. Ano que vem tudo volta ao normal.



domingo, 29 de novembro de 2009

Honduras realiza eleições e crise permanece

Honduras realiza hoje eleições gerais e, dentre os cargos a serem eleitos, está o de presidente. Desde o dia 28 de junho, o governo hondurenho vive uma crise de legitimidade devido ao golpe militar que fez com que o então presidente Zelaya entrasse em um avião ainda de pijama e saísse de seu país.

O caso todo não pode ser tomado como um simples golpe de estado; Manuel Zelaya foi deposto por ter proposto reformar a constituição hondurenha sem passar pelo poder legislativo. Para isso, havia convocado um referendo e, devido à ilegalidade do ato, a Justiça ordenou a prisão do presidente.

O fato, em si, é que um erro não legitima o outro. Zelaya quis mexer numa cláusula pétrea da constituição de forma ilegal, e o golpe militar também é ilegal. Essa eleição poderia ser uma maneira de colocar, finalmente, um fim ao impasse da legitimidade, mas a comunidade internacional não pensa da mesma forma. A ONU não mandará nenhum observador para as eleições e a maioria dos países da América latina já disse não reconhecer o vencedor como legítimo presidente. Os EUA são a única nação de peso a apoiar as eleições, e o Brasil ainda bate o pé para negar as eleições hondurenhas.

Oras, estimado leitor, muito me incomoda o discurso hipócrita de Zelaya: quando é para convocar referendo, ele o convoca, mesmo de maneira ilegal, e quando ocorre uma eleição, prevista desde 2006, ele argumenta que, como o presidente legítimo está fora da presidência, as votações ocorrem em uma situação de exceção e não têm validade. Manuel Zelaya deveria ter pensado “na validade” das coisas antes de seu primeiro gesto ilegal. Não adianta ele, agora, posar como presidente legítimo e nem o Brasil defendê-lo, alegando preservar o direito e a democracia do estado hondurenho. Zelaya desrespeitou ambos a seu bel prazer e agora merece assistir às eleições e engolir um novo presidente.


segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ahmadinejad?


Ahmadinejad, atual presidente do Irã, já negou o holocausto, esvaziou congressos internacionais e possivelmente ganhou uma eleição de forma fraudulenta. Esse sujeito, que está tocando um projeto nuclear cujo intuito só Deus sabe, vem para uma visita ao Brasil.

Tal visita, já ensaiada e adiada, é garantia de protestos dos judeus, homossexuais e qualquer outro grupo ofendido pelo presidente do Irã. Como me referi em outro texto, Ahmadinejad faz parte de um novo tipo de estadista, para o qual o importante não é a questão ideológica, ética ou programática, e sim o vulto midiático que sua figura é capaz de exercer.

O que importa no conteúdo do discurso de Ahmadinejad é exatamente esse choque, a fim de que suas palavras sejam ouvidas. O presidente do Irã, ao negar o holocausto, não o faz com intenção de se mostrar um ignorante em história ou apoiar o nazismo, e sim com o intuito de desmerecer o estado israelense, afinal, o que realmente legitima a criação de Israel é o holocausto.

Ahmadinejad é obviamente pró Palestina, e seu discurso, para ser melhorado, além de incluir o questionamento à legitimidade de Israel, deveria conter alguma crítica à Guerra dos Seis Dias, sempre omitida pela mídia ocidental.

Mas, obviamente, o presidente do Irã não fará isso no Brasil. Ahmadinejad tenta, com sua vinda aqui, legitimar a fraude eleitoral a qual utilizou para se eleger. A comunidade internacional, a começar pelo Brasil, já está engolindo o causo.

domingo, 15 de novembro de 2009

Apagão 2009

O apagão do dia 10 de novembro foi deveras debatido durante a semana. Visando às eleições de 2010, a oposição tentou fazer da falta de energia um fato eminentemente político, enquanto a situação minimizou o causo. Edson Lobão, ministro de Minas e Energia, foi incisivo ao afastar qualquer carga de responsabilidade do governo, afirmando que o apagão foi provocado por condições meteorológicas.

A oposição não se deu por satisfeita e tentou, a todo custo, convocar a ministra da Casa Civil Dilma Roussef para se pronunciar a respeito, na condição de ex-ministra de Minas e Energia. A presidenciável Dilma, então, teve de sair do casulo e dar uma resposta à opinião pública, na qual afirmou que isso não é apagão não, minha filha, e sim blecaute. Pelo dicionário de Dilma, apagão e blecaute se diferenciam por aquele pressupor racionamento de energia e falta de planejamento, coisa que, no governo petista, não ocorreria.

A imprensa, esse maravilhoso órgão disposto a “repercutir” tudo, acabou descobrindo um dado curioso: até agosto de 2009, somente 38% do total da verba anual da Eletrobás foi utilizada, o menor valor dos últimos 10 anos. Onde estaria, então, o planejamento alardeado pelo governo petista? Talvez no mesmo lugar onde foi parar o planejamento tucano em 2001, quando as condições meteorológicas também serviram como desculpa para o apagão da época.

Essa verba não foi utilizada pela Eletrobás por falta de projetos que a utilizem. E esses projetos, então, porque não são feitos? Simples: desde seu primeiro mandato, o governo petista iniciou um processo de aparelhamento do Estado “nunca antes visto na história desse país”. Cargos com funções efetivamente técnicas foram dados a companheiros de longa data, cuja ajuda em campanha deveria ser recompensada. Sem técnicos para fazer projetos, as verbas ficam sem uso. O caso da pasta de Minas e Energia é um exemplo: Edson Lobão é advogado e jornalista, indicado por José Sarney. Um sujeito com essa formação não tem capacitação para coordenar um projeto em larga escala para a matriz energética brasileira. Mas tem capacitação para alavancar a aliança entre PT e PMDB para o ano que vem. Ao PT de Lula, isso basta.

domingo, 8 de novembro de 2009

Uniban expulsa aluna

A Uniban, em nota divulgada hoje, informou a decisão de expulsar a aluna do 1º ano de turismo, Geyse Arruda. Geyse foi hostilizada pelos estudantes da Universidade no dia 22 de outubro, por ter usado um vestido curto. Após sindicância feita, ficou acertada a expulsão da aluna e suspensão de alunos envolvidos.

Colocada em uma situação difícil, pressionada a preservar a imagem da instituição (inclusive por protestos de estudantes), a Uniban se viu obrigada a tomar atitudes drásticas e, entre perder uma ou mais mensalidades, preferiu apenas perder a mensalidade paga pela Geyse.

Esse caso, tratado superficialmente pela imprensa, exemplifica como está a psique coletiva do jovem universitário brasileiro. Sem uma bandeira clara para defender após a ditadura, o movimento estudantil não aglutina mais os jovens, e estes, necessitando de alguma forma para extravasar suas energias, acabam por fazer barulho sobre qualquer coisa, inclusive, um vestido.

Errou a aluna Geyse, erraram os estudantes e erra a Uniban. O vestido não deveria ter sido usado, a hostilização não deveria ter sido feita e a expulsão, feita às pressas para amenizar as pressões sofridas, não ajuda em nada a aliviar essa psique do universitário brasileiro.

domingo, 1 de novembro de 2009

This is it

This is it”, filme póstumo de Michael Jackson que estreou nessa quarta-feira, permite múltiplas perspectivas. Feito às pressas depois da morte do astro, com intuito de ficar apenas duas semanas em cartaz para depois ser vendido em DVD no natal, o rótulo de caça níquel é inevitável.

Infelizmente, durante a projeção, tal rótulo é comprovado. A estrutura da película, um híbrido entre documentário e musical, acaba sendo mais uma colcha de retalhos daquilo que poderia ter sido e não foi devido a essa pressa. A parte “documentário” é muito rasa, permitindo pequenos vislumbres de como Jackson e sua equipe trabalhavam. A parte “musical”, o grosso de “This is it”, é uma coleção de ensaios esperando um show para formatá-los. O material todo ficaria muito bom como um DVD de extras do show, não como um filme em si.

Mas, estamos falando de Michael Jackson, e é aí que entram as múltiplas perspectivas do filme. Não basta analisá-lo como produto acabado; há de pensar em “This is it” como a lembrança de uma das maiores figuras da história da música. Assim a obra ganha suas verdadeiras cores e cresce em importância, e nisso ela acerta, por ser uma bela lembrança.

Fugindo das controvérsias envolvendo a vida de Jackson e sua morte, “This is it” mostra, com dignidade, um Michael como todos deveriam se lembrar: um sujeito focado em seu trabalho, perfeccionista, preparando-se para um grande show. Não duvido se em todas as sessões ao redor do mundo todos baterem palmas.



domingo, 25 de outubro de 2009

Sobre Lula ser Jesus...

Muita celeuma foi criada em torno da polêmica declaração do presidente Lula, a de que, para ter governabilidade no Brasil, até Jesus Cristo teria de se unir a Judas. Parte dessa celeuma é até fundada, afinal, qualquer cristão não gosta do nome de Jesus ser falado em vão, ainda mais em conjunto com o de Judas. Mas, a polêmica não devia ter ficado apenas no campo religioso.

Lula, ao se comparar com Jesus, mais uma vez demonstra arrogância e prepotência. O presidente se considera um messias iluminado, o ser posto na terra para salvar-nos. E esse complexo de messias não é culpa só de Lula, mas foi colocado em sua cabeça devido à esquerda míope dos anos setenta e oitenta, que via em sua figura a do Salvador a vingar o proletariado na luta de classes. Pois bem, Lula venceu as eleições, inclusive se reelegendo, e a luta de classes continua aí.

Entretanto, incauto leitor, não se atenha a essa minha crítica; José Dirceu, antigo homem forte do governo, saiu em defesa do Presidente, dizendo o seguinte: "Pouco importa o exemplo por ele utilizado e sim o fundamental que continha sua fala: o atual sistema político eleitoral e partidário brasileiro conduz necessariamente a governos de coalizão, nem sempre programáticos e muito menos ideológicos".

Eis aí, José Dirceu disse tudo. O governo Lula não é programático e muito menos ideológico. O PT, para se eleger em 2002, abdicou de toda a sua ideologia e traiu todos os seus partidários, entrando num esquema cada vez mais próximo ao daqueles partidos que sempre repudiava. Lula, ao se comparar com um Jesus unindo-se a Judas, demonstra um desprezo por sua aliança e um descaso com a opinião pública. A sua aliança deveria chiar.

Em tempo: Jesus Cristo nunca se uniria a Judas para assegurar a governabilidade no Brasil. Ele nunca pensou em governar, abdicando dos desejos fúteis de poder. Lula deve ter se esquecido que, no deserto, a segunda tentação de Jesus foi a promessa de poder proposta pelo diabo. E Cristo recusou.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Futebol

A rede Globo de televisão, nesta semana, propôs que a fórmula do campeonato brasileiro voltasse a ser através do mata mata. A alegação é a baixa audiência advinda ultimamente do produto futebol para a televisão. Em tese, um campeonato com quartas-de-final, semi-final e final teria mais ibope e seria mais rentável. Isso, em tese.

Essa queda de audiência acaba com um velho mito, o de que o Brasil é o país do futebol. Não, não o somos. O brasileiro médio acompanha às vezes o seu time, dificilmente assiste a um jogo que não lhe interessa diretamente e pouco se interessa pela história de seu clube.

Como são-paulino, raras vezes dialoguei com alguém que soubesse quem foi Friedenreich, Canhoteiro, Rui, Bauer ou Noronha. O desinteresse pela história do futebol é grande e pertencente a todos os times. Os diálogos de futebol nas padarias e botecos é supérfluo, a conversa não flui e fica focada mais nas brincadeiras e gozações de um time com o outro do que sobre o futebol em si.

Assim, parece que o público consumidor do esporte se restringe a dois tipos: o da torcida organizada, vivendo (e morrendo) em função de seu clube, e o da burguesia, interessada quando o time vai bem e servindo para lotar os caríssimos jogos da seleção brasileira.

O Brasil, na verdade, é o país da novela. Não à toa, a maior rede televisiva do país coloca novelas às 18h, 19h e 20h, fora o vale a pena ver de novo. Futebol, só de quarta e domingo.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Novo de Tarantino no cinema

Na primeira cena de seu primeiro filme, Quentin Tarantino demonstra aquela que seria a sua principal característica e maior qualidade: o diálogo afiado com referências pop.

“Cães de Aluguel” (Reservoir Dogs, EUA, 1992) começa com uma discussão entre criminosos sobre qual seria o verdadeiro significado de “Like a Virgin”, música de Madonna, e tal discussão acabou entrando para a antologia do cinema nos anos 90. A partir dessa cena, veio o cineasta que iria abalar o cinema mundial com uma das maiores obras da década: “Pulp Fiction – Tempo de Violência” (Pulp Fiction, EUA, 1994).

Tarantino, após a sua Opus Magna, acabou praticando um cinema com resultados irregulares. “Jackie Brown” (EUA, 1997) é bom, foi bem recebido pelos críticos, mas dividiu a opinião do público. E, para um diretor cheio de referências à cultura pop, é difícil fazer um filme e ficar afastado do público pop.

“Kill Bill”, lançado em dois volumes, reaproximou Tarantino do espectador cuja infância foi passada gastando fichas de fliperama com Mortal Kombat. Os dois volumes, no final das contas, aparentam ser um conjunto de combates do videogame, no qual o fim é sempre um inevitável fatality. Óbvio, Kill Bill é um legítimo Tarantino e possui qualidades, mas a própria crítica especializada, acostumada aos exageros de Tarantino, perguntou-se, afinal, se o diretor não estaria exagerando demais.

Pareceu que Quentin estava extravasando de vez a sua vertente brincalhona, e utilizou-se das referências pop como forma de legitimar uma estética duvidosa, ao invés de utilizar-se de tais referências para complementar um produto estético bem acabado.

“À Prova de Morte” (Death Proof, EUA, 2007), filme de Tarantino feito para o projeto “Grindhouse”, acabou ampliando essa má impressão de que o diretor estaria fazendo filmes cada vez mais descompromissados e desleixados, cujo exagero, antes útil à narrativa, só serve como brincadeira pura e simples.

É depois de todas essas alternâncias e com o intuito de formar uma base regular para seu cinema, que estreou, nessa sexta, "Bastardos Inglórios" (Inglorious Basterds, EUA, 2009), o novo filme do diretor. E, só por esse fato, merece ser assistido. Em Quentin Tarantino eu confio.


segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Rio 2016


O Rio de Janeiro ganhou o direito de sediar os jogos Olímpicos de 2016, o que não é, afinal, pouca coisa. O Brasil passa a participar do "clube dos grandes", pois era o único país, dentre as dez maiores economias mundiais, a não sediar as Olimpíadas.

E eis aí o primeiro aspecto da necessidade das Olimpíadas: assumir-se como grande. É um atestado, reconhecimento mundial do Brasil como potência econômica. Não que ser uma potência econômica represente grande coisa, haja visto que o nosso IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), por exemplo, perde para o IDH do Chile, Argentina, Cuba, México, Venezuela e Panamá, mas estamos aí.

O segundo aspecto é o do orgulho nacional. Uma coisa é assumir-se como grande, outra é ter orgulho disso e encaixá-lo no conceito de "nação". Não somos nacionalistas (e talvez nem devemos ser), mas, quiçá, as Olimpíadas sirvam para formar uma união em torno do conceito "Brasil".

O terceiro aspecto é o de mudar o paradigma para o qual a cidade (e talvez o país) avança. As Olimpíadas implicam em vida saudável e, ultimamente, em certos ajustes ambientais, principalmente no que tange a poluição. Depois de Pequim, por exemplo, a China passou a investir mais em meio ambiente e Sidney fez um grande investimento em saneamento.

Mas nem tudo são flores: o impacto olímpico geralmente é superestimado. Fala-se no possível legado que as Olimpíadas podem deixar, mas, em termos de Brasil, as chances do legado Olímpico se transformar em uma herança maldita são grandes. Montreal, por exemplo, deixou um prejuízo que levou 30 anos para o Canadá pagar, além de um estádio caro e sem muita serventia. Atenas, em 2004, teve denúncia de corrupção e desvio de dinheiro. Dois exemplos olímpicos que me lembram de um certo país da América do Sul.

domingo, 27 de setembro de 2009

Enquanto isso, durante a semana...

Manuel Zelaya chegou para ficar em Honduras, mas não ficou em Honduras: está lá, na embaixada brasileira, que é, em tese, território do Brasil. Nosso governo, além de exilar um sujeito com o intuito de burlar a constituição hondurenha, presta um retrocesso à “democracia” do país, ao atrasar as novas eleições.

Dia 22 de setembro foi o dia mundial sem carro. Com baixa adesão, lutando contra uma matriz energética e uma malha de transporte já instituída, o dia mundial continuará sendo isso: um dia no calendário.

Último final de semana com o IPI (imposto sobre produtos industrializados) reduzido. As concessionárias agradeceram, a indústria agradeceu e o governo demonstrou que, para diminuir a carga tributária deste país, só mesmo uma crise mundial à nossa porta.

Flavio Briatore foi banido da Fórmula 1, mas, pelo histórico da FIA, sabemos: essa galerinha da pesada continuará aprontando mil e uma confusões, que deixarão qualquer um de cabelo em pé.

domingo, 20 de setembro de 2009

Pré-sal


A camada de pré-sal é o novo mote da corrida presidencial 2010. O governo, ao alardear o petróleo em nosso litoral, não o faz visando o progresso de nosso país, mas sim, obviamente, contando com a eleição da senhora mãe do PAC, Dilma Rousseff. Dilma, ainda sem carisma suficiente para ganhar a eleição e sem nenhum feito memorável ao eleitor, aparece em todo anúncio favorável ao governo, e com o pré-sal não foi diferente.

Seja falando sobre como deveria funcionar o modelo regulatório para a exploração da camada de pré-sal do Brasil ou como tal modelo diminuirá nossas desigualdades sociais, Rousseff aparece na mídia como mãe do nosso petróleo. A grande discussão dos royalties é, na verdade, a discussão sobre qual fatia do eleitorado o PT e Dilma vão querer atingir.

Tradicionalmente o PT não tem no estado de São Paulo o seu grande reduto eleitoral nas corridas presidenciais. Lula ganhou suas duas eleições contando com menos votos do estado do que se esperaria e, provavelmente, ano que vem não será diferente. Com o atual modelo de royalties, os grandes favorecidos pelo pré-sal seriam os três estados do litoral do sudeste. O PT, sabedor do seu eleitorado, tenta fazer com que o dinheiro do petróleo seja distribuído entre ele, ignorando questões ambientais e o impacto social gerado dentro das cidades cujo litoral será explorado.

O governo de José Serra se mexe para fazer com que os royalties funcionem da atual maneira, deixando dinheiro, por sua vez, no estado de seu eleitor. Assim, mais uma briga política está armada e o eleitor vê a criação de mais uma estatal a custa de seu imposto. A exploração do petróleo será feita com o dinheiro do contribuinte e o pior: não há garantia alguma de qualquer lucro. Investiremos dinheiro agora para obtermos algo só por volta de 2015, e ainda por cima estamos aplicando em uma matriz energética cujo valor é incerto. O barril do petróleo, depois de chegar a 150 dólares, despencou para 30.

Enquanto investem nosso dinheiro no escuro, na África é encontrado o campo de Venus B-1, contendo bastante, bastante petróleo.

domingo, 13 de setembro de 2009

11 de setembro

Impossível, não falar sobre o 11 de setembro de 2001. Finalmente há uma distância temporal interessante para analisar o real impacto que a queda das torres gêmeas causaram no mundo e, mais especificamente, nos EUA. Passado o auge da comoção, o calor do momento, dá para refletir mais objetivamente sobre o que afinal significou a derrocada das torres americanas.

Com os ataques terroristas da Al Qaeda, podemos dizer que começa o século XXI, seja em termos ideológicos, seja em termos históricos. Começou ali uma caça às bruxas levada a cabo por Bush filho cuja conseqüência foi a reeleição deste. Muito provavelmente a sorte de John Kerry, candidato democrata à presidência em 2004, teria sido outra, caso não houvesse o 11 de setembro. George W. Bush ganhou um segundo mandato não por sua competência política ou diplomática, mas sim pelo fato dos ataques terroristas terem despertado todo um lado reacionário do eleitorado dos EUA. E, se em sua primeira eleição pairavam dúvidas com relação a fraudes na Flórida, em sua segunda não houve margem para maiores indagações. Os EUA queriam que Bush filho continuasse sua “retaliação contra o terror”.

Durante esse período de retaliação, a maior consequência foi a concretização do sonho do Bush pai: a morte de Saddam Hussein. Buscando Bin Laden e o “terror”, os EUA se depararam com o Iraque, acusaram o país de possuir armas químicas e biológicas (nunca encontradas), caçaram o seu presidente e, como modernos missionários, exportaram o seu modelo de democracia para uma cultura totalmente diferenciada, cujas facções religiosas e políticas dificilmente aceitariam pacificamente um modelo “democrático” imposto, vindo de fora. O que sobrou foi uma ocupação norte-americana no país, com empresas dos EUA fatiando todo o dinheiro advindo do processo da reconstrução iraquiana.

A eleição de Barack Obama ainda é um eco de 11 de setembro. Com a política de Bush filho voltada para o petróleo e o terror, uma bolsa imobiliária cresceu, gerando a atual crise econômica. Com tal crise econômica instaurada, só restou ao povo norte-americano, finalmente, parar de pensar no terror e refletir que precisamos de mudança. Sim, nós podemos.

domingo, 6 de setembro de 2009

Conclusão: Da atual música produzida e consumida

Resumindo a primeira parte desse texto, em linhas gerais, acredito não haver nenhuma prova cabal de que a qualidade da música de hoje é inferior à das décadas anteriores. As mudanças as quais mencionei fizeram com que a nossa percepção musical ficasse diferente, além da própria música. Mas não é pelo fato da música ficar diferente, adotar uma nova estética, que faz com que a qualidade musical necessariamente fique inferior.

Há aqueles que ainda se apegam a um conceito de estética e percepção musical antigo, e esses sempre falarão que a música atual sofreu uma piora. Com certeza há um desleixo técnico em muitos músicos contemporâneos, a ponto dos três acordes do punk soarem como luxo hoje, mas, convenhamos, a técnica não se reflete em qualidade estética.

Um exemplo claro disso é o Parnasianismo, corrente literária na qual o que importava era basicamente a técnica do poeta. O poeta parnasiano deleitava-se em usar as mais difíceis palavras e construções literárias, a ponto de pregar a arte pela arte e a tentativa de remover as sentimentalidades nos poemas. Pois bem, o Parnasianismo, como corrente literária, ficou em voga por algumas décadas e hoje em dia não passa de mera curiosidade histórica para a maioria dos leitores. Isso porque a nossa concepção estética mudou drasticamente a ponto do Parnasianismo não fazer tanto sentido assim.

Com a música, acontece a mesma coisa. Estamos em plena modificação dos nossos valores e muita coisa vai mudar em nosso gosto. A grande diferença de hoje para as décadas passadas é cada vez mais a liberdade para gravar música e divulgá-la, diminuindo em muito a dependência do artista em relação à sua gravadora. Gravar música usando uma nota, hoje, é possível. Se a gravadora recriminar o artista por tal gravação, basta gravar num estúdio caseiro e disponibilizá-lo na internet. Inclusive, a banda White Stripes chegou a fazer um show somente com uma nota (!)



Assim, com a liberdade artística ampliada, a música está se transformando e sonoridades nunca antes gravadas estão sendo divulgadas. Isso, com certeza, exige uma nova percepção do conceito de música e um certo desapego aos valores estéticos tradicionais. O próximo passo do que vai acontecer com as gravadoras e como a música vai ser produzida foi dado pela banda Radiohead, ao lançar o disco "In Rainbows". Cada consumidor podia ir no site deles e pagar o valor que quisesse pelo download do álbum. Isso faz com que o consumidor possa atribuir diretamente o valor da música e interferir, então, no processo de criação do artista. Se isso vai vingar ou quais os seus desdobramentos, só o futuro dirá.



domingo, 30 de agosto de 2009

Da atual música produzida e consumida

Muitas vezes, quando converso sobre música, vejo as pessoas elogiarem determinada década e elege-la como “a melhor década da música”. Geralmente essa frase vem junta de outra, mais forte: “nunca mais vai haver músicas tão boas como antes”. Eu sou pessimista por natureza, mas, devo confessar, com relação à música sou muito otimista. Acredito estarmos numa grande fase musical e o futuro é mais promissor ainda. O que acontece, creio eu, é uma mudança generalizada no mercado fonográfico, que faz com que o consumidor sinta esse “vazio musical” a ponto de eleger outra década como a melhor.

Por exemplo, o primeiro ponto a mudar drasticamente a relação entre consumidor e música é que hoje em dia qualquer um escuta qualquer música de qualquer jeito. Atualmente, o sujeito escuta música no seu mp3 player, no youtube, na sua rádio online. Não existe mais aquela necessidade de esperar o lançamento do disco, ir à loja, comprá-lo. Numa sociedade de consumo, a partir do momento em que não é mais necessário gastar para consumir, o valor do produto consumido diminui. Assim, pela facilidade de adquirir a música, esta perde parte de sua qualidade musical aos ouvidos do consumidor, pois ele não teve dificuldade alguma para usufrui-la.

Outro ponto a mudar drasticamente, além da forma como a música é consumida, é a forma como ela é produzida. Antes o artista necessariamente sofria para poder entrar em um estúdio e conseguir gravar algo. Hoje, com o barateamento da tecnologia, é muito mais fácil produzir qualquer coisa. Aí então aumenta exponencialmente o número de gente produzindo música, havendo maior divisão de gosto e aumentando o questionamento sobre a qualidade de determinada música. Unanimidade, hoje, é algo cada vez mais raro.

A percepção do ouvinte/consumidor perante a música é mudada também pela sua divulgação e marketing. Antigamente, para ouvir o lançamento de determinado artista, era necessário esperar tocar na rádio, aguardar o videoclipe passar na TV. Eram poucos os meios de comunicação divulgando poucos artistas. Os ouvintes/consumidores ficavam nas mãos desses poucos meios, fazendo com que a música transmitida por eles parecesse de maior qualidade do que a que realmente era, se comparado ao atual cenário, com inúmeras fontes de divulgação para inúmeras bandas.

Por hoje é só, antes que me prolongue demais. Semana que vem chego à conclusão desse texto, mais um de meus pitacos pseudo-filosóficos.

domingo, 23 de agosto de 2009

South Park


Fiz uma crítica ao desenho "Os Simpsons" em um outro texto meu. Nele, eu chegava à conclusão de que o referido desenho, por meio de uma crítica à sociedade norte-americana leve e descompromissada, acaba ansiando pelo status quo social. Todas as instituições são agredidas, mas, no final, sempre a instituição "Família" é preservada. Além do mais, posso até estender meu comentário aqui afirmando que "Os Simpsons" carrega um pensamento burguês neo-liberal; personagens como Lisa e Margie são bem sucedidas, apesar do constante obstáculo ao seu sucesso imposto pelas instituições. Assim, sob a perspectiva do desenho, cada cidadão é capaz de desenvolver sua vida social satisfatoriamente, por meio de méritos próprios, independente da crise institucional generalizada a qual o personagem possa se achar.

Agora, chega de Simpsons, pois é a vez de analisar outro desenho: "South Park". Esse desenho, considerado mais escatológico, ácido e grosseiro, é também um desenho mais crítico, se comparado aos Simpsons. Não que South Park seja um primor de crítica ao atual american way of life, mas o desenho é mais niilista. Nele, nenhuma instituição resta de pé, e todas, inclusive a família, são sistematicamente destruídas a cada episódio. Não é ressaltado nenhum mérito pessoal que qualquer personagem possa ter, e todas as correntes ideológicas são criticadas. O menino judeu, o gordo, o pobre, o classe média, o rico, o deficiente, enfim, todos, possuem os mesmos problemas de se viver numa sociedade medíocre, e não há méritos individuais que os possam salvar.

South Park aborda questões espinhosas: racismo, sexo, educação e mídia estão no cerne da animação. Além desse ponto, o desenho chega a discutir o próprio formato do discurso, quando aborda a loucura a qual a comunidade norte-americana está chegando ao se importar tanto com o politicamente correto. Definitivamente, South Park não tem a intenção de ser artístico ou a preocupação de fazer uma crítica séria e embasada; é um desenho niilista, politicamente incorreto e, por isso, sua crítica ao status quo surte mais efeito.

domingo, 16 de agosto de 2009

Cowboy fora da lei

Em Honduras, o negócio continua daquele jeito. Vemos o Zelaya partir para a comunidade internacional atrás de apoio, tentando estreitar os laços com os EUA, para que estes tenham uma posição mais rígida para com o governo golpista. E a conta, nesse caso, é simples: cerca de 70% do comércio exterior hondurenho depende dos EUA. Um embargo, nesse caso, seria catastrófico. Não à toa, as eleições de Honduras estão aí, para serem realizadas em novembro e dar um cala boca à comunidade internacional.


Zelaya: "Mamãe, eu quero ser presidente"


No Senado brasileiro, o presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB - RJ), sujeito que minimizou a opinião pública ao chamá-la de "muito volúvel", foi nada volúvel: arquivou tudo que apareceu no Conselho de Ética, fosse do governo, fosse da oposição.

Aliás, o Congresso Nacional parece finalmente preocupado com algo grave: a influenza A (H1N1). Nossos representantes demonstraram tanta preocupação com a tal gripe que chegaram a pedir lotes exclusivos do remédio TamiFlu ao Ministério da Saúde. Veja você, a razão do tal pedido foi o medo de que os servidores e os parlamentares tivessem de procurar o remédio nos centros públicos de saúde e ficassem sem.

Além de imunidade parlamentar, o Congresso almeja imunidade médica.

Por fim, um singelo vídeo do Collor (PTB - AL), atual defensor de Sarney (PMDB - AP), na campanha de 1989. Direto da série "teu passado te condena":


domingo, 9 de agosto de 2009

A boa e velha rádio AM

Na semana em que tudo aconteceu, nada, na verdade, aconteceu. Tivemos de assistir às trocas de acusações entre Simon (PMDB - RS) e Renan (PMDB - AL), depois Simon e Collor (PTB - AL), e, por fim, Tasso (PSDB - CE) e Renan.


O resultado de tudo isso? O conselho de ética arquivou todas - eu repito - todas as acusações que pairavam sobre Sarney e o nosso presidente do Senado continua lá, sem renunciar.


Fiquei inconformado com o causo e fui procurar gente disposta a compartilhar a minha dor. Em tempos de internet, nada melhor que o Twitter para apaziguar-se a alma, ainda mais depois de saber do movimento "fora Sarney". Pois bem: reza a lenda que os desbravadores desse movimento no Twitter foram Rafinha Bastos, do CQC, repórter Vesgo, do Pânico, Marcos Mion, da MTV, e Júnior Lima, irmão da Sandy. A mais fina flor da nossa televisão brasileira. Logo depois do discurso do Sarney, resolvi averiguar o Twitter de cada um para ver o que acharam do referido discurso.

Rafinha Bastos, em seu Twitter, estava interessado em um vídeo da internet e nem mencionou nada sobre o Senado: "Depois o sucesso do vídeo do casamento dançante, agora é hora do divórcio: http://bit.ly/16nJAy", postou ele. Deve ter sido um lapso, pensei, e fui ver o comentário do repórter Vesgo sobre o causo, mas acredito que ele se esqueceu também: "Domingo você conhecerá um novo esporte que virou moda na praia: o Cocobol. Imperdível!! http://twitpic.com/cw4i8". Realmente, o Cocobol deve interessar mais que a permanência ou não do presidente do Senado. Imperdível!, mesmo.

Depois de meus dois insucessos, não me abati e fui ver os comentários de Marcos Mion: "Gravando o quinta! http://yfrog.com/4qaywj". Tudo bem, ele estava gravando o programa Quinta Categoria, mas passou a semana inteira sem nem ao menos mencionar o caos no Congresso. Por fim, sobrou o Júnior Lima. Em seu Twitter, ele tinha outras preocupações: "RT @acmpereira http://twitpic.com/ctl2k"; nada sobre o Senado.

Decepcionado, principalmente com aqueles que tentaram fazer Ashton Kutcher participar do "fora Sarney", sai da internet. Liguei o rádio na AM mesmo e deixei o Twitter com seus vídeos e piadas para lá.

PS: Nada contra piadas e Twitter. O que me deixa triste é esse pessoal usar um fato político como matéria para um humor infantil, ao invés de usar o humor como fato político.

PPS: Em resumo, a tentativa de colocar Ashton Kutcher no "fora Sarney".



Cuidar da política do meu país? Fuck!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Sarney

Ontem Pedro Simon (PMDB - RS) foi duramente atacado e criticado. Renan Calheiros (PMDB - AL), entre outras críticas, chegou a acusá-lo de incoerência; Fernando Collor de Mello (PTB - AL), além de afirmar que Simon seria um político magoado desde 1986, na época de Tancredo, disse também para Simon engolir suas palavras antes de pronunciar o nome Collor. Entre as acusações dos senadores, sobrou até a acusação de que Simon estaria fazendo nada com relação ao próprio estado, cheio com os escândalos de Yeda Crusius (PSDB - RS). Tudo isso porque Simon se pronunciou favorável à renúncia de Sarney.

Oras, a tropa de choque do Sarney conseguiu o seu intuito: além de silenciar o discurso de Simon, que se viu obrigado a passar a se defender, devido às acusações, desviou o foco da imprensa, que, ao invés de noticiar algo como "Simon pede a renúncia de Sarney", teve de noticiar a celeuma provocada pelo discurso.Que Deus tenha piedade de nós.

domingo, 26 de julho de 2009

Democracia

Devido ao caso de Honduras e a seu golpe militar, ultimamente tem sido comentado sobre a importância da democracia e liberdade, duas palavras mágicas que povoam o imaginário popular como algo "do bem". A democracia, como "todos" aprendemos, é um conceito grego que vem de demos (povo) e kratia (poder), "governo do povo". Muito bonito e didático, a ponto da democracia, no âmbito político, equivaler-se ao conceito de liberdade.
Oras, estimado leitor, já na Grécia antiga a democracia não representava a liberdade, e sim a exclusão das mulheres e escravos da política. Mas hoje em dia é tudo diferente, não? Não. A democracia torna-nos livres, sim, mas livres para consumir, escolher entre este ou aquele produto, alienar-nos. Não à toa, o sistema democrático foi o grande "eleito" do capital internacional para representar seus interesses.
A democracia, ao nos forçar optar entre este ou aquele representante, já nos exclui a opção de não sermos representados. Obrigatoriamente temos de ser representados, temos de escolher um político como escolhemos um tomate na feira e este político escolhido, seja ele qual for, atuará de acordo com os interesses da democracia, afinal, foi através dela que ele conseguiu seu poder e é através dela que espera perpetuá-lo. Mas, afinal, quais são esses interesses da democracia que todo e qualquer político eleito democraticamente deseja perpetuar?
O principal desejo da democracia é o da liberdade para consumo. Todos são livres para consumir, escolher entre um produto e outro, assim como pode ser escolhido o político. Portanto, a democracia oferta uma falsa liberdade, a de consumo, e, com isso, reduz o embate político, que se atém à questão de elevar o poder aquisitivo das mais baixas classes sociais. Com tudo isso, o cidadão deixa de ser cidadão, alguém com capacidade de questionar sua organização política, social, para tornar-se um mero consumidor, alguém cuja única preocupação é a de eleger o sujeito que lhe dará maior acesso aos bens de consumo. As ruas, ao invés de serem locais públicos para integração social, não passam de centros para o consumidor escolher seus produtos.
A democracia, ao nos ofertar uma falsa liberdade, nada mais faz que perpetuar o consumismo, deixando-nos cada vez mais alienados de nós mesmos, pois saboreamos tal liberdade como se fosse a verdadeira.

domingo, 19 de julho de 2009

Descanse em paz

Chega esse mês nas bancas a primeira parte da saga “Batman: descanse em paz”, saga essa que promete fazer com que o Bruce Wayne morra, deixando o manto do morcego para outro. Nos quadrinhos, é praxe a morte de um ou outro personagem, mas, quando esse personagem é um ícone como Batman, a coisa muda de figura.
Sempre foi consenso entre as editoras e os teóricos (incluindo aí Umberto Eco) a necessidade de se manter um certo status quo dos personagens, pois a inércia no status do personagem manteria a fácil identificação deste com o público e, portanto, a fácil assimilação de suas histórias.
A morte de Bruce não é algo de vanguarda ou uma tentativa da DC comics (editora do Batman) de se afastar do público. Pelo contrário: através de um acontecimento bombástico a editora pretende chamar a atenção do público e aproximá-lo do personagem. Até aí, nada de novo. O que é novo é o interesse do público por sucessivas mudanças nos personagens.
Antigamente era necessário manter o padrão do personagem e hoje parece ser necessário sempre alterar tal padrão, fazendo com que o herói sofra constantes crises. Se o status quo antigo era rígido, o status quo atual é movediço. Hoje, é necessário fazer com que a mudança efetivamente atue nas histórias em quadrinhos. Seria por que um status quo rígido já não garante a fácil identificação e assimilação de um público advindo de uma sociedade cuja tecitura das relações encontra-se movediça e sem padrões rigidamente estabelecidos?

terça-feira, 14 de julho de 2009

Anúncio?

O funeral de Michael foi comovente e o desembarque do Zelaya em Honduras não se deu; O noticiário dá agora espaço para boatos sobre o enterro do Jackson e sobre as negociações entre os mediadores de Zelaya e Micheletti, presidente interino de Honduras.
O fato é que os exames toxicológicos do Michael demorarão para serem divulgados e, dependendo do resultado, a demora será ainda maior. Quanto ao caso hondurenho, acredito que a opinião pública internacional desejará a convocação de novas eleições, afinal, Zelaya interferiu numa cláusula pétrea e um golpe militar, na atual conjuntura global, não é desejável.
O que eu acho? Provavelmente Micheletti vai cozinhar o galo e convocar novas eleições. Falando nisso, é o que Lula fará, com relação a Sarney e ao PMDB: cozinhar o galo e esperar as eleições.

domingo, 5 de julho de 2009

Anúncio

A semana passada serviu mais como anúncio da semana vindoura do que um desenrolar de fatos propriamente ditos. O funeral de Michael Jackson e o desembarque de Manuel Zelaya em Honduras ditarão o ritmo das pautas dos jornais futuros.
Cá na terra, Sarney continua num vai não vai de seu cargo, e José Alencar faz nova parada em hospital.
Lula recebe o Corinthians em Brasília e estamos conversados: depois da queda do São Paulo na Libertadores 2009, quero férias de futebol.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Jackson 1

Michael Jackson morreu e não deixarão o homem em paz por um tempo, seja através de comentários sobre sua conturbada vida pessoal ou sua privilegiada carreira artística. O nome Michael Jackson será ouvido muito durante essas semanas, e não à toa.
Jackson foi um artista sui generes, brilhante. Pioneiro e visionário ao associar música e imagem, ele inovou não só no conceito de videoclipe, mas também no conceito de show e marketing. Assim, Michael acabou formatando a concepção do artista pop como um todo. É impossível, depois dos anos 80, imaginar alguém que não tenha sentido o mínimo de sua influência.
Imagino que, como artista cuja imagem rende milhões e é reconhecida no mundo todo, Michael poderia ter ido além e finalmente ter feito com que pairasse, dentro do meio artístico, a responsabilidade política por seus atos. O único “gesto” político tomado por ele foi um superficial “USA for Africa”, que, ao invés de propor uma mudança social, mais valorizou o assistencialismo.
Tirando esse porém, Jackson foi um artista completo e lendário. Um ícone, que não merecia ter sofrido tanto em sua vida pessoal.

domingo, 14 de junho de 2009

Resumo semanal

A semana foi mais ou menos assim:
Ahmadinejad reeleito. Protestos, etc e tal. O presidente do Irã irrita, mas seu discurso pró-Palestina é a verdadeira pimenta nos olhos da imprensa ocidental.
Parada gay em SP. Um evento cujo escopo era ampliar o debate sobre a diversidade sexual, a parada agora tem o seu discurso dissolvido e serve como mero carnaval exótico e fora de época em São Paulo.
Brasil em recessão. Foi divulgado: o PIB brasileiro do primeiro trimestre de 2009 foi negativo; é o nosso segundo trimestre consecutivo com o PIB negativo, o que caracteriza recessão. Alguém aí leu em alguma capa de jornal "Brasil em recessão"? Pois é, nem eu. Vai ver, pega mal falar de recessão faltando um ano para eleições.
O resto da semana foram jogos, partidas e corpos do Airbus.

domingo, 7 de junho de 2009

Um fantástico Airbus voador

Sinceramente? Estou cansado da imprensa noticiando o caso do Airbus, mas, o que me impressiona, é o fôlego que o caso tem perante o público. O telespectador parece carecer de tragédias, necessitando de uma cobertura diária e insaciável quando acontece algum desastre.
Muito meditei e a nenhuma conclusão chego. Por que o público precisa disso? Uma mera catarse não seria o ponto; penso que essas notícias servem mais para aliviar certas pressões sociais do que aliviar uma psique coletiva.
Explico: o noticiário, ao focar em um desastre, deixa de falar sobre crise econômica, crise política, crise de emprego etc. Ao noticiar um acidente, a imprensa ainda nos lembra que, apesar de todo e qualquer problema social que possa estar correndo, somos humanos, demasiadamente humanos, e todos, enfim, têm um fim. Podemos morrer, eis. Talvez seja esse o motivo de os desastres possuírem um fôlego perante o público. Ou vai ver, não é.

domingo, 31 de maio de 2009

Copa.

A FIFA, então, anunciou as 12 cidades que serão sedes para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Não desejo falar as obviedades mais óbvias, como, por exemplo, que toda essa grana poderia ser investida em outras coisas, que devemos observar o desvio de verba e (principalmente) o superfaturamento das obras. Não. A imprensa mais atenta e menos ufanista provavelmente falará sobre tudo isso e será ignorada pela grande opinião pública. A Copa ocorrerá de qualquer jeito e, ao que tudo indica, daquele jeito. Infelizmente.

Me atento aqui em outro aspecto: há ainda, no mundo inteiro, uma tentativa, por parte dos povos "civilizados", de "catequizar" outros povos. Os países desenvolvidos ainda insistem em homogeneizar a ideologia e cultura alheia. Essa Copa do Mundo é um exemplo: é sabido e vivido pelos brasileiros que o Brasil é extremamente carente em infraestrutura. Se a Copa será no Brasil, pois que a infraestrutura seja à brasileira; nada da FIFA vir aqui e dar pitacos, só liberando estádios após uma caríssima reforma.Respeitar a cultura alheia seria respeitar, inclusive, essa falta de infraestutura. Afinal, toda e qualquer construção acaba representando uma ideologia.

domingo, 24 de maio de 2009

Dez na área

O causo começou a ser noticiado nesta terça-feira: o governo do Estado de São Paulo encomendou cópias de um livro de Histórias em Quadrinhos chamado "Dez na área, um na banheira e ninguém no gol.". Um livro de 2002, versando sobre futebol, com desenhos e histórias de vários autores e prefácio de Tostão. Muito boas, por sinal, as narrativas gráficas desenvolvidas no livro. Uma ou outra contém palavrões e conteúdo sexista. Mas, até aí, nada demais.

O problema todo começa no fato de para quem o governo resolveu destinar o tal livro: alunos da 3ª série do ensino fundamental. Esses alunos, definitivamente, não possuem maturidade suficiente para entrar em contato com tal tipo de história. Descoberto o escândalo, o governo manda recolher os livros e a imprensa começa a questionar o fato de se o governo leu ou não o "Dez na área". De maneira preconceituosa, lia-se nos jornais que "HQ com palavrões vai para a escola", além da óbvia notícia com a afirmação "Gibi não é mais coisa só para criança".

Pois bem, coisas desse tipo acontecem com a imprensa. O pior foi, além disso, o ilustríssimo senhor José Serra, ao invés de pedir desculpa pelo erro, aumentá-lo, ao atacar, gratuitamente, o gibi. "Achei os desenhos horríveis", teria dito ele.Eis aí um governo, em plena tentativa de estimular a leitura, desestimulando-a duplamente: primeiro, ao indicar a obra para uma faixa etária indevida; depois, ao denegrir a obra. E o homem que lidera esse governo, no fundo de seu palácio, anseia governar o Brasil.

domingo, 17 de maio de 2009

Direitos humanos dos suínos

Quando surgiu a gripe suína, ela começou a ser noticiada e chamada com o nome "gripe suína". Um nome que, assim como o vírus, pegou. Simpático até, imaginar um porquinho gripado, com o nariz escorrendo e espirrando. Mas eis, amigos, que a imprensa boazinha, zeladora dos direitos suínos, define a nova gripe como A(H1N1), alegando uma possível queda nas vendas da carne de porco.

E eis aí, o ponto: todos os meios de comunicação, cada vez mais, buscam o chamado "politicamente correto". Essa busca por uma suposta não-ofensa, por uma suposta imparcialidade, começou não por bondade da imprensa, mas sim por seu desejo em querer vender mais jornais, afinal, não sendo partidário, não ofendendo a nenhum grupo, a mídia pode ser comercializada por todos.É uma imparcialidade falsa: a mídia sempre opta e optará pelo lado do capital.

E, infelizmente, teremos de nos contentar a ouvir comentários caretas, pseudoimparciais. Felicidade dos porcos, que têm a sua imagem preservada.

domingo, 10 de maio de 2009

Das eleições de 2008

Achei um barato a candidatura a vereador do Serginho Mallandro. Divertido, bem-humorado e carismático, o Mallandro é uma figura que possui proporções míticas nas minhas lembranças infantis. A sua famigerada "Porta dos Desesperados" me fez, inúmeras vezes, ficar grudado na tela da tevê nas manhãs dos dias de semana. Aquele homem cantando "Um capeta em forma de guri" sempre me deu a sensação de que ser arteiro era bom e não fazia mal a ninguém. Aliás, seria até a obrigação de qualquer garoto saudável aprontar alguma de vez em quando. Proporções míticas nas minhas lembranças infantis, só isso.Pois cresci, o tempo mudou, e Mallandro já passou por poucas e boas.

Desde a acusação de estupro por uma das malandrinhas ao uso de drogas, o verdadeiro problema de Serginho foi um só: a baixa audiência. Mallandro sofreu o que todos os apresentadores de programas infantis dos anos 80 sofreram: uma queda de diálogo com a geração de crianças que crescia e a dificuldade de adequar um discurso à geração vindoura. Angélica, Eliane, Mara Maravilha e Xuxa, assim como Serginho, nunca mais conseguiram encaixar um programa infantil de sucesso. O Mallandro tentou outros públicos e, com suas pegadinhas de péssimo gosto, chegou a ter algum tipo de ibope. No fim, como era de se esperar, a fórmula de pegadinhas se esgotaria e o Serginho voltaria ao limbo. As acusações que se seguiram foram reflexo dessa queda artística. Serginho teria ou não estuprado uma malandrinha? Ele usaria ou não drogas? Talvez essas acusações até prolongaram o nome do Mallandro na mídia, mas não o ajudaram a emplacar qualquer sucesso. No caso da malandrinha, Serginho foi inocentado (e eu acredito que ele tenha ido para a cama com ela, mas possuindo o consentimento da moça) e, quanto às drogas, nunca se provou nada contra ele.

Como disse lá atrás, achei um barato a candidatura do Mallandro, mas isso não quer dizer que eu concorde com ela. Serginho nunca apresentou qualquer indício de projeto para a sociedade como um todo e sequer demonstrou relação alguma de cuidado com o bem público. Ao ver a foto do Mallandro no sítio do TSE, continuei imaginando que ser arteiro é bom e não faz mal a ninguém, desde que isso não interfira na vida pública de uma cidade.Obs: Mallandro não ganhou a eleição. Melhor para a vida pública de São Paulo.

terça-feira, 5 de maio de 2009

O Homem é Brahmeiro

Parece agora decidido: o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, virá ao Brasil. E isso não é pouca coisa: paulatinamente o Irã vai destruindo o bloqueio político imposto a ele. Entre declarações contra homossexuais e afirmações negando a existência do Holocausto, Ahmadinejad, sem dúvida, ganha vulto na mídia internacional. Depois de seu discurso na ONU, em que chamou Israel de racista, teve o seu rosto estampado em toda a imprensa internacional dia e noite.
Ahmadinejad não é de todo bobo e sabe que poderia esconder qualquer opinião antidiplomática por baixo do pano, bastando se omitir. Mas, ao contrário, sua opinião é expressa, divulgada sem culpas. O presidente do Irã faz isso exatamente para repercutir na mídia e chamar a atenção. Aparentemente, independente da ideologia praticada, "repercutir" na mídia vem sendo a grande sensação dos presidentes pelo mundo.
Hugo Chávez é um mestre no assunto. Chamando insistentemente o governo norte-americano de demoníaco, o presidente venezuelano obteve quase tanta representatividade midiática quanto o presidente do Brasil. E, convenhamos, é um feito tremendo um país como a Venezuela possuir um líder que seja ouvido pela mídia internacional, independente do que ele tenha a dizer.
Nosso presidente, o Homem, também padece de tal mal. Gozando, no exterior, da fama de um líder de esquerda, ex-sindicalista, Lula aproveita o fato e dá as suas declarações com intuitos midiáticos. Obviamente Lula não diz coisas tão explosivas quanto Chávez ou Ahmadinejad, mas suas declarações, ao demonstrarem um senso comum absurdamente popular, chocam a mídia, obrigando-a a noticiá-lo. Lula possui uma imagem tão pop que é fácil imaginá-lo numa propaganda da Brahma, junto com Ronaldo, afirmando algo como "Companheiro, o Homem também é brahmeiro!"
Até o incensado Barack Obama, sempre, ao emitir suas opiniões, demonstra o senso de alguém muito aberto e antenado com os tempos modernos. Acaba sendo excessiva essa sua posição, a ponto de, aos olhos da grande mídia, Barack Obama encarnar o Messias norte-americano.
Portanto, Ahmadinejad, ao fazer o que faz, segue os atuais padrões de como um líder mundial deve se portar: chamando a atenção. A ideia atual de "líder" restringe a ideologia de alguém como mero apêndice da figura midiática que essa pessoa é capaz de exercer.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Apresentação e motivações de o porquê da escrita de mais um sítio na internet

Amigo leitor,

Sei, estará se perguntando o motivo de eu fazer um blog, o porquê de infestar a internet com mais um sítio. Creia, também eu não o sei. Escrevo por escrever: a pena me vem, as palavras me vão. A tinta cuida do resto. Se não sabemos o porquê de existirmos, me sinto menos frustrado em não saber o motivo da minha escrita. Ao amigo leitor que me visita, agradeço a leitura, pedindo a compreensão pelo estilo da escrita. É assim que o mundo me vai.