domingo, 31 de maio de 2009

Copa.

A FIFA, então, anunciou as 12 cidades que serão sedes para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Não desejo falar as obviedades mais óbvias, como, por exemplo, que toda essa grana poderia ser investida em outras coisas, que devemos observar o desvio de verba e (principalmente) o superfaturamento das obras. Não. A imprensa mais atenta e menos ufanista provavelmente falará sobre tudo isso e será ignorada pela grande opinião pública. A Copa ocorrerá de qualquer jeito e, ao que tudo indica, daquele jeito. Infelizmente.

Me atento aqui em outro aspecto: há ainda, no mundo inteiro, uma tentativa, por parte dos povos "civilizados", de "catequizar" outros povos. Os países desenvolvidos ainda insistem em homogeneizar a ideologia e cultura alheia. Essa Copa do Mundo é um exemplo: é sabido e vivido pelos brasileiros que o Brasil é extremamente carente em infraestrutura. Se a Copa será no Brasil, pois que a infraestrutura seja à brasileira; nada da FIFA vir aqui e dar pitacos, só liberando estádios após uma caríssima reforma.Respeitar a cultura alheia seria respeitar, inclusive, essa falta de infraestutura. Afinal, toda e qualquer construção acaba representando uma ideologia.

domingo, 24 de maio de 2009

Dez na área

O causo começou a ser noticiado nesta terça-feira: o governo do Estado de São Paulo encomendou cópias de um livro de Histórias em Quadrinhos chamado "Dez na área, um na banheira e ninguém no gol.". Um livro de 2002, versando sobre futebol, com desenhos e histórias de vários autores e prefácio de Tostão. Muito boas, por sinal, as narrativas gráficas desenvolvidas no livro. Uma ou outra contém palavrões e conteúdo sexista. Mas, até aí, nada demais.

O problema todo começa no fato de para quem o governo resolveu destinar o tal livro: alunos da 3ª série do ensino fundamental. Esses alunos, definitivamente, não possuem maturidade suficiente para entrar em contato com tal tipo de história. Descoberto o escândalo, o governo manda recolher os livros e a imprensa começa a questionar o fato de se o governo leu ou não o "Dez na área". De maneira preconceituosa, lia-se nos jornais que "HQ com palavrões vai para a escola", além da óbvia notícia com a afirmação "Gibi não é mais coisa só para criança".

Pois bem, coisas desse tipo acontecem com a imprensa. O pior foi, além disso, o ilustríssimo senhor José Serra, ao invés de pedir desculpa pelo erro, aumentá-lo, ao atacar, gratuitamente, o gibi. "Achei os desenhos horríveis", teria dito ele.Eis aí um governo, em plena tentativa de estimular a leitura, desestimulando-a duplamente: primeiro, ao indicar a obra para uma faixa etária indevida; depois, ao denegrir a obra. E o homem que lidera esse governo, no fundo de seu palácio, anseia governar o Brasil.

domingo, 17 de maio de 2009

Direitos humanos dos suínos

Quando surgiu a gripe suína, ela começou a ser noticiada e chamada com o nome "gripe suína". Um nome que, assim como o vírus, pegou. Simpático até, imaginar um porquinho gripado, com o nariz escorrendo e espirrando. Mas eis, amigos, que a imprensa boazinha, zeladora dos direitos suínos, define a nova gripe como A(H1N1), alegando uma possível queda nas vendas da carne de porco.

E eis aí, o ponto: todos os meios de comunicação, cada vez mais, buscam o chamado "politicamente correto". Essa busca por uma suposta não-ofensa, por uma suposta imparcialidade, começou não por bondade da imprensa, mas sim por seu desejo em querer vender mais jornais, afinal, não sendo partidário, não ofendendo a nenhum grupo, a mídia pode ser comercializada por todos.É uma imparcialidade falsa: a mídia sempre opta e optará pelo lado do capital.

E, infelizmente, teremos de nos contentar a ouvir comentários caretas, pseudoimparciais. Felicidade dos porcos, que têm a sua imagem preservada.

domingo, 10 de maio de 2009

Das eleições de 2008

Achei um barato a candidatura a vereador do Serginho Mallandro. Divertido, bem-humorado e carismático, o Mallandro é uma figura que possui proporções míticas nas minhas lembranças infantis. A sua famigerada "Porta dos Desesperados" me fez, inúmeras vezes, ficar grudado na tela da tevê nas manhãs dos dias de semana. Aquele homem cantando "Um capeta em forma de guri" sempre me deu a sensação de que ser arteiro era bom e não fazia mal a ninguém. Aliás, seria até a obrigação de qualquer garoto saudável aprontar alguma de vez em quando. Proporções míticas nas minhas lembranças infantis, só isso.Pois cresci, o tempo mudou, e Mallandro já passou por poucas e boas.

Desde a acusação de estupro por uma das malandrinhas ao uso de drogas, o verdadeiro problema de Serginho foi um só: a baixa audiência. Mallandro sofreu o que todos os apresentadores de programas infantis dos anos 80 sofreram: uma queda de diálogo com a geração de crianças que crescia e a dificuldade de adequar um discurso à geração vindoura. Angélica, Eliane, Mara Maravilha e Xuxa, assim como Serginho, nunca mais conseguiram encaixar um programa infantil de sucesso. O Mallandro tentou outros públicos e, com suas pegadinhas de péssimo gosto, chegou a ter algum tipo de ibope. No fim, como era de se esperar, a fórmula de pegadinhas se esgotaria e o Serginho voltaria ao limbo. As acusações que se seguiram foram reflexo dessa queda artística. Serginho teria ou não estuprado uma malandrinha? Ele usaria ou não drogas? Talvez essas acusações até prolongaram o nome do Mallandro na mídia, mas não o ajudaram a emplacar qualquer sucesso. No caso da malandrinha, Serginho foi inocentado (e eu acredito que ele tenha ido para a cama com ela, mas possuindo o consentimento da moça) e, quanto às drogas, nunca se provou nada contra ele.

Como disse lá atrás, achei um barato a candidatura do Mallandro, mas isso não quer dizer que eu concorde com ela. Serginho nunca apresentou qualquer indício de projeto para a sociedade como um todo e sequer demonstrou relação alguma de cuidado com o bem público. Ao ver a foto do Mallandro no sítio do TSE, continuei imaginando que ser arteiro é bom e não faz mal a ninguém, desde que isso não interfira na vida pública de uma cidade.Obs: Mallandro não ganhou a eleição. Melhor para a vida pública de São Paulo.

terça-feira, 5 de maio de 2009

O Homem é Brahmeiro

Parece agora decidido: o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, virá ao Brasil. E isso não é pouca coisa: paulatinamente o Irã vai destruindo o bloqueio político imposto a ele. Entre declarações contra homossexuais e afirmações negando a existência do Holocausto, Ahmadinejad, sem dúvida, ganha vulto na mídia internacional. Depois de seu discurso na ONU, em que chamou Israel de racista, teve o seu rosto estampado em toda a imprensa internacional dia e noite.
Ahmadinejad não é de todo bobo e sabe que poderia esconder qualquer opinião antidiplomática por baixo do pano, bastando se omitir. Mas, ao contrário, sua opinião é expressa, divulgada sem culpas. O presidente do Irã faz isso exatamente para repercutir na mídia e chamar a atenção. Aparentemente, independente da ideologia praticada, "repercutir" na mídia vem sendo a grande sensação dos presidentes pelo mundo.
Hugo Chávez é um mestre no assunto. Chamando insistentemente o governo norte-americano de demoníaco, o presidente venezuelano obteve quase tanta representatividade midiática quanto o presidente do Brasil. E, convenhamos, é um feito tremendo um país como a Venezuela possuir um líder que seja ouvido pela mídia internacional, independente do que ele tenha a dizer.
Nosso presidente, o Homem, também padece de tal mal. Gozando, no exterior, da fama de um líder de esquerda, ex-sindicalista, Lula aproveita o fato e dá as suas declarações com intuitos midiáticos. Obviamente Lula não diz coisas tão explosivas quanto Chávez ou Ahmadinejad, mas suas declarações, ao demonstrarem um senso comum absurdamente popular, chocam a mídia, obrigando-a a noticiá-lo. Lula possui uma imagem tão pop que é fácil imaginá-lo numa propaganda da Brahma, junto com Ronaldo, afirmando algo como "Companheiro, o Homem também é brahmeiro!"
Até o incensado Barack Obama, sempre, ao emitir suas opiniões, demonstra o senso de alguém muito aberto e antenado com os tempos modernos. Acaba sendo excessiva essa sua posição, a ponto de, aos olhos da grande mídia, Barack Obama encarnar o Messias norte-americano.
Portanto, Ahmadinejad, ao fazer o que faz, segue os atuais padrões de como um líder mundial deve se portar: chamando a atenção. A ideia atual de "líder" restringe a ideologia de alguém como mero apêndice da figura midiática que essa pessoa é capaz de exercer.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Apresentação e motivações de o porquê da escrita de mais um sítio na internet

Amigo leitor,

Sei, estará se perguntando o motivo de eu fazer um blog, o porquê de infestar a internet com mais um sítio. Creia, também eu não o sei. Escrevo por escrever: a pena me vem, as palavras me vão. A tinta cuida do resto. Se não sabemos o porquê de existirmos, me sinto menos frustrado em não saber o motivo da minha escrita. Ao amigo leitor que me visita, agradeço a leitura, pedindo a compreensão pelo estilo da escrita. É assim que o mundo me vai.