domingo, 26 de julho de 2009

Democracia

Devido ao caso de Honduras e a seu golpe militar, ultimamente tem sido comentado sobre a importância da democracia e liberdade, duas palavras mágicas que povoam o imaginário popular como algo "do bem". A democracia, como "todos" aprendemos, é um conceito grego que vem de demos (povo) e kratia (poder), "governo do povo". Muito bonito e didático, a ponto da democracia, no âmbito político, equivaler-se ao conceito de liberdade.
Oras, estimado leitor, já na Grécia antiga a democracia não representava a liberdade, e sim a exclusão das mulheres e escravos da política. Mas hoje em dia é tudo diferente, não? Não. A democracia torna-nos livres, sim, mas livres para consumir, escolher entre este ou aquele produto, alienar-nos. Não à toa, o sistema democrático foi o grande "eleito" do capital internacional para representar seus interesses.
A democracia, ao nos forçar optar entre este ou aquele representante, já nos exclui a opção de não sermos representados. Obrigatoriamente temos de ser representados, temos de escolher um político como escolhemos um tomate na feira e este político escolhido, seja ele qual for, atuará de acordo com os interesses da democracia, afinal, foi através dela que ele conseguiu seu poder e é através dela que espera perpetuá-lo. Mas, afinal, quais são esses interesses da democracia que todo e qualquer político eleito democraticamente deseja perpetuar?
O principal desejo da democracia é o da liberdade para consumo. Todos são livres para consumir, escolher entre um produto e outro, assim como pode ser escolhido o político. Portanto, a democracia oferta uma falsa liberdade, a de consumo, e, com isso, reduz o embate político, que se atém à questão de elevar o poder aquisitivo das mais baixas classes sociais. Com tudo isso, o cidadão deixa de ser cidadão, alguém com capacidade de questionar sua organização política, social, para tornar-se um mero consumidor, alguém cuja única preocupação é a de eleger o sujeito que lhe dará maior acesso aos bens de consumo. As ruas, ao invés de serem locais públicos para integração social, não passam de centros para o consumidor escolher seus produtos.
A democracia, ao nos ofertar uma falsa liberdade, nada mais faz que perpetuar o consumismo, deixando-nos cada vez mais alienados de nós mesmos, pois saboreamos tal liberdade como se fosse a verdadeira.

domingo, 19 de julho de 2009

Descanse em paz

Chega esse mês nas bancas a primeira parte da saga “Batman: descanse em paz”, saga essa que promete fazer com que o Bruce Wayne morra, deixando o manto do morcego para outro. Nos quadrinhos, é praxe a morte de um ou outro personagem, mas, quando esse personagem é um ícone como Batman, a coisa muda de figura.
Sempre foi consenso entre as editoras e os teóricos (incluindo aí Umberto Eco) a necessidade de se manter um certo status quo dos personagens, pois a inércia no status do personagem manteria a fácil identificação deste com o público e, portanto, a fácil assimilação de suas histórias.
A morte de Bruce não é algo de vanguarda ou uma tentativa da DC comics (editora do Batman) de se afastar do público. Pelo contrário: através de um acontecimento bombástico a editora pretende chamar a atenção do público e aproximá-lo do personagem. Até aí, nada de novo. O que é novo é o interesse do público por sucessivas mudanças nos personagens.
Antigamente era necessário manter o padrão do personagem e hoje parece ser necessário sempre alterar tal padrão, fazendo com que o herói sofra constantes crises. Se o status quo antigo era rígido, o status quo atual é movediço. Hoje, é necessário fazer com que a mudança efetivamente atue nas histórias em quadrinhos. Seria por que um status quo rígido já não garante a fácil identificação e assimilação de um público advindo de uma sociedade cuja tecitura das relações encontra-se movediça e sem padrões rigidamente estabelecidos?

terça-feira, 14 de julho de 2009

Anúncio?

O funeral de Michael foi comovente e o desembarque do Zelaya em Honduras não se deu; O noticiário dá agora espaço para boatos sobre o enterro do Jackson e sobre as negociações entre os mediadores de Zelaya e Micheletti, presidente interino de Honduras.
O fato é que os exames toxicológicos do Michael demorarão para serem divulgados e, dependendo do resultado, a demora será ainda maior. Quanto ao caso hondurenho, acredito que a opinião pública internacional desejará a convocação de novas eleições, afinal, Zelaya interferiu numa cláusula pétrea e um golpe militar, na atual conjuntura global, não é desejável.
O que eu acho? Provavelmente Micheletti vai cozinhar o galo e convocar novas eleições. Falando nisso, é o que Lula fará, com relação a Sarney e ao PMDB: cozinhar o galo e esperar as eleições.

domingo, 5 de julho de 2009

Anúncio

A semana passada serviu mais como anúncio da semana vindoura do que um desenrolar de fatos propriamente ditos. O funeral de Michael Jackson e o desembarque de Manuel Zelaya em Honduras ditarão o ritmo das pautas dos jornais futuros.
Cá na terra, Sarney continua num vai não vai de seu cargo, e José Alencar faz nova parada em hospital.
Lula recebe o Corinthians em Brasília e estamos conversados: depois da queda do São Paulo na Libertadores 2009, quero férias de futebol.