domingo, 15 de agosto de 2010

Flip

A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) deste ano acertou em diversos aspectos: debater Gilberto Freyre, trazer Ferreira Gullar, Patrícia Mello e Salman Rushdie, além do fato mais importante: a vinda de Robert Crumb, ícone e mito da cultura alternativa norte-americana.

Negativo foi o convite a Fernando Henrique Cardoso, durante ano eleitoral, para falar sobre Freyre. O autor de Casa-grande & Senzala poderia ser debatido por qualquer outro intelectual que não estivesse envolvido na política.

O que importa, afinal, é que foi cumprida a vocação da Flip, de aproximar leitor e escritor, propiciando um debate mais amplo.

domingo, 1 de agosto de 2010

O homem Datena

Datena é contundente. Ao fazer uma enquete sobre quem acredita em Deus ou não e observar o número de mais de mil ateus, começa a disparar:

"Como nós temos mais de mil ateus? Aposto que muitos desses estão ligando da cadeia."

"Ateus são pessoas sem limites, por isso matam, cometem essas atrocidades. Pois elas acham que são seu próprio Deus."

"É só perguntar para esses bandidos que cometem essas barbaridades pra ver que eles não acreditam em Deus."

"Quem é ateu pode desligar a televisão, ou mudar de canal pois eu não faço questão nenhuma de que assistam o meu programa."

Não divagarei aqui sobre Datena, que é um sujeito pago para fazer polêmica e ser contundente. A questão das falas dele, excluídas as distorções, é sobre a função da religião no ethos da sociedade. É óbvio que nossa ética esteja interligada à nossa religião, visto que a fé e a crença condicionam a uma concepção de mundo e, tal concepção, vai exigir um certo tipo de padrão ético e crítico perante a realidade.

O problema da fala de Datena é expressar um pensamento muito popular, de que quem não possui religião não possui ética. Desse tipo de pensamento, muito comum, incide a ideia de que a única fonte ética válida é a religião. Assim, o humano estaria fadado a buscar qualquer solução baseado em religiões cujos preceitos datam de dois mil anos atrás. Isso, na verdade, reduz o campo da ética à mediocridade, não permitindo uma busca filosófica do princípio.

Tolhido de uma busca moral fora da fé, mistificando a ética dentro de si, o homem de Datena é um sujeito religioso, de boa fé e age sempre com correção. O seu único defeito seria o de ter uma curiosidade mórbida com crimes hediondos, e por isso ele assiste a um programa que acusa os ateus de bandidos.

domingo, 25 de julho de 2010

O Mundo

Ainda com saudades do polvo Paul, assisto a TV em busca de novidades. O Campeonato Brasileiro recomeçou, e nem ao menos me lembro do time titular do São Paulo no primeiro semestre; o goleiro Bruno está na cadeia, Cleo Pires posou nua e Mano Menezes assumiu o cargo de técnico da seleção brasileira de futebol.

As notícias e o mundo rodam, e eu destilaria um monte de opiniões sobre como todos esses fatos se encaixam na sociedade de consumo, e como todos estamos dispostos a consumir essas notícias, e como todos estão dispostos a ser consumidos, e como tudo são invólucros que nos tolhem de ter uma relação verdadeira com o mundo, mas hoje não.

Por hoje, respiremos, apenas.

domingo, 11 de julho de 2010

Histórias da Copa

A Copa de 2010 termina deixando saudade. A primeira Copa no continente africano marca uma melhoria no futebol (se comparado ao futebol de 2006), traz um bem-vindo campeão inédito e deixa histórias secundárias saborosas, a ponto de dividir o noticiário com os times e o futebol em si.
 
O primeiro fator secundário a chamar a atenção foram as vuvuzelas. Aquele barulho alto, contínuo e interminável, impossibilitando os jogadores a ouvirem seus técnicos, era chato, mas, no final das contas, foi bacana, por ser característico do país.
 
Não bastasse o barulho, apareceu a bola Jabulani para fazer história. Chamada de "estranha" e "sobrenatural", a bola acabou virando bordão e ganhou uma personalidade própria. Nunca antes uma bola fora tão comentada assim.

E o Maradona? O técnico dava beijo nos jogadores, ia de terno a pedido das filhas e fez promessa de ficar pelado em caso de vitória argentina no Mundial. Uma figuraça, divertido nas entrevistas e simpático dentro dos campos.

O polvo Paul virou mascote e vidente da Copa, deixando especialistas para trás na hora do bolão; ele acertou cem por cento dos seus palpites, enquanto Mick Jagger errou em cem por cento da sua torcida.

E, por fim, tivemos as musas do Mundial, desde as holandesas expulsas do estádio, à gloriosa Larissa Riquelme, com o seu celular insinuante e sua torcida cada vez ampliando, literalmente, o número de investidores na moça.

Essa Copa, sem dúvida, não se resumiu ao futebol, e deixa como lembrança o pitoresco e o lúdico. Serão quatro anos de sofrimento até 2014.

domingo, 4 de julho de 2010

Da queda do Brasil

    O Brasil saiu do Mundial 2010, mas a Copa continua. Eu havia me esquecido de como é ver todos pintados de verde amarelo, ouvir gritos femininos em jogos de futebol e apostar em bolão. É um barato esse negócio de gente que nem sabe nada de bola, de repente, exigir tal e qual jogador e se comover com a gorduchinha rolando. Pessoas berrando, gritando e tocando vuvuzela, na tentativa de, durante 90 minutos de jogo, demonstrar o seu patriotismo, tentar entender o jogo e ainda se divertir com tudo isso. Esse clima de Copa é sensacional.
    Confesso que, devido a esse clima todo, não pude realmente assistir a nenhum jogo. Óbvio, meus olhos estavam na tela, mas devido a todo o barulho e gritaria ao redor, não observei as posições dos jogadores, a qualidade dos passes, o tipo de finalização e compactação da equipe. Assisti, mas não vi. Sem problemas, a festa ao redor vale.
    E agora, depois que o Brasil saiu, vi a Globo massacrando o Dunga, vi jornalistas atacando Felipe Melo e vi, afinal, crianças chorando. Mas, sem todo o barulho de vuvuzela, além de assistir, poderei ver a Copa. Devo estar ficando ranzinza.

domingo, 20 de junho de 2010

O guru

A semana começou com uma matéria no programa Fantástico sobre o escritor Augusto Cury. O autor havia feito uma palestra para os jogadores da seleção brasileira de futebol, demonstrando a importância de se ficar focado para o sucesso, e deu uma entrevista ao programa contando, humildemente, sua pouca influência no técnico da seleção, Dunga.

A matéria deu destaque ao escritor, afirmando que Augusto Cury seria o guru de Dunga. Aí eu mudei de canal mesmo porque não dá: Dunga, o sujeito adepto do futebol pragmático, burocrático e militar, sendo um discípulo de Augusto Cury, sujeito de frases feitas, cuja ideologia nega a autonomia do sujeito? É um casamento perfeito.

Ambos acreditam em fórmulas prontas, negando a liberdade individual de cada um e as crises institucionais que permeiam a sociedade. O futebol do Brasil é feio? Oras, mas vencemos, diria Dunga. Você está infeliz? É só seguir uns passos programados por um livro e sua alegria virá, diria Cury.

Ambos acreditam que seguindo regras simples, pré-estabelecidas, é possível alcançar o "sucesso", não discutindo de modo mais profundo isto e suas implicações. Sucesso é jogar bonito, mas não vencer, ou ganhar jogando feio? Sucesso é ser feliz consigo mesmo, ou ser infeliz, mas ciente das crises que necessariamente permeiam a condição humana? Ambos negam esse questionamento e a liberdade individual de construir respostas para isso.

Augusto Cury e Dunga, enfim, são sujeitos cujo discurso simplista e pronto tolhe a possibilidade do debate e reflexão, subestimando a autonomia de cada um. Infelizmente, o mundo cada vez possui mais gente como eles, enquanto Telê Santana e José Saramago nos deixam.

domingo, 13 de junho de 2010

Copa - primeiras impressões

Passados três dias de Copa do Mundo de Futebol do ano de dois mil e dez, o panorama que se segue, dentro de campo, é o de poucos gols (exceção à Alemanha), futebol mais ou menos e goleiros tomando frangos. Nenhum escrete (ainda) demonstrou bola para ser campeão e só dá para se animar a assistir os jogos de alguns grupos mais indefinidos. Das oitavas em diante o negócio toma mais corpo.

Fora dos gramados, há todo aquele papo de "festa africana", "dá-lhe Mandela" e "que beleza", do tipo "somos bonzinhos e estamos integrando a África ao mundo Ocidental". Mas, ao "integrar" a África, na real, estamos, como sempre, exportando um modelo de mercado que causa desigualdade social, explora o meio ambiente de forma insustentável e reduz a escolha humana a uma escolha de consumo. Que beleza.

domingo, 6 de junho de 2010

A Copa, antes


Antes que a Copa do Mundo de 2010 comece, vale lembrar, o projeto ficha limpa foi sancionado, há a suspeita de um dossiê contra José Serra por aí e o Golfo do México continua repleto de petróleo.

O controverso ficha limpa ficou num meio termo entre uma vontade política e uma ação efetiva. Poucos políticos vão ser pegos e ainda é discutida a constitucionalidade da nova lei, além de quais pontos vão poder ser aplicados já nestas eleições. Cada vez mais, afinal, a necessidade de uma reforma política fica evidente, e esse tipo de projeto demonstra a vontade da mudança mas ele, sozinho, não consegue fazê-la.

O dossiê contra Serra é o princípio de futuras trocas de acusações, e vem anunciado exatamente no momento em que Dilma Roussef empata com o pré-candidato na corrida presidencial, segundo o Ibope.

Já o petróleo, é a mancha negra a nos permear a própria alma. Que cada um conviva coma sua.

domingo, 30 de maio de 2010

Lost


A série de TV estadunidense Lost acabou, após seis temporadas de mistérios, especulações e grande audiência. Fenômeno mundial, Lost funciona como um marco. Foi a primeira série a efetivamente ser discutida e pautada pela internet, justamente acompanhando a tendência televisa: o diálogo entre as várias mídias.

A televisão se vê agora em um caminho onde a interatividade deixa de ser simplesmente um espaço dado à fala do público, para ser uma forma do telespectador pautar o programa. Onde antes havia leitura de e-mail, ocorre agora a leitura do twitter. E mais: na televisão é transmitido o conteúdo feito pelo público, seja ele vídeo, texto ou foto.

Lost foi um fenômeno por ter fomentado discussões na internet, gerado jogos online (os quais contribuíram para se conhecer mais sobre a série), e garantir, enfim, que as teorias dos fãs crescessem mais e mais. O mais legal da série, afinal, era a discussão sobre ela, e Lost foi um marco por ter usado essa ferramenta de comunicação social que é a internet em prol de sua vitalidade. Vai deixar saudade.

domingo, 16 de maio de 2010

O ciclo de Paulo Coelho

Paulo Coelho é um caso sui generis. Escritor popular, um dos raros a sobreviver da escrita no Brasil, possuindo amplo sucesso no exterior, Coelho conseguiu feito que gente do calibre de Mário Quintana e Oswald de Andrade não conseguiram: participar da Academia Brasileira de Letras. Agora, Coelho demonstra ser mais sui generis ainda, pois tem o mercado editoral a seus pés, ao escolher a editora do seu próximo livro.

E, afinal, o que me leva a escrever este post é o título do próximo livro do autor: O Aleph. Paulo Coelho várias vezes deu demonstrações de uma certa arrogância intelectual e agora o caso é mais grave, de afronta mesmo. Que diabos o Paulo Coelho tem de colocar o nome da obra do Borges em livro seu? E eu afirmo isso não como aquele sujeito a imaginar os clássicos como livros inabaláveis e puros, mas sim preocupado com a insistência de Coelho em tentar dialogar com os autores canonizados pela crítica literária.

Coelho, é sabido, padece de uma dor de cotovelo para com os autores do cânone literário; depois do sucesso, o desejo dele é o de ser reconhecido pela crítica. Mas, ano após ano, ao invés de buscar uma sólida formação como escritor para ser reconhecido, Coelho apenas critica os clássicos, na tentativa de inferiorizá-los. E agora, além de criticar tais livros, ele tenta dialogar com eles via título. Obviamente não dará certo, Coelho será novamente criticado e no seu próximo livro ele voltará mais uma vez a inferiorizar os clássicos e tentar ser reconhecido pela crítica. É um ciclo, enfim, que não tem fim.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

É promessa de vida no teu coração

Agora o autor deste Blog encontra-se são e saudável. A doença vem para nos lembrar da saúde, afinal. E como é chato, convalecer de moléstia!

domingo, 9 de maio de 2010

O não post

O autor deste Blog está com uma febre que não é terçã, mas é insistente. Portanto, havendo melhoras, haverá post. Não é o fim do caminho nem o fim da canseira.

domingo, 25 de abril de 2010

A Alice de Burton

Tim Burton é um diretor cujas películas transitam facilmente entre filmes classe B e aqueles advindos da produção hollywoodiana. Suas produções com visual exótico, gótico e escuro, além de figurino tresloucado, são únicos. Quando foi anunciado que o próximo filme do diretor seria "Alice no País das Maravilhas" (Alice in Wonderland, 2010) a expectativa era de uma grande obra, pelo fato desse caldeirão de Burton parecer se adequar perfeitamente a uma história como a da obra de Lewis Carroll.

O resultado final, porém, não foi o esperado. Burton apóia a sua narrativa estritamente no aspecto visual e a história é relegada a segundo plano. O telespectador com certeza vai se deliciar com a paleta de cores do diretor, com as transições de cenas criativas (como a do gato que ri, ao virar a Lua), com o figurino bem cuidado, com o visual das personagens e com tudo o mais que vier relativo ao aspecto visual da obra. Mas o enredo do filme compromete.
   
Ao chegar no País das Maravilhas, já é contado a Alice e ao telespectador o que a heroína do filme deve fazer, e então o restante da película é uma busca linear para a realização do objetivo. É uma viagem num lugar exótico, mas a viagem, em si, é tranquila, sem grandes variações ou surpresas.

O grande mote da obra de Lewis Carroll é justamente causar constantemente um estado de confusão e estranheza, nunca deixando um referencial fixo ao leitor. Burton causa a estranheza somente no visual, mas o seu enredo é fixo, linear, chegando até a descaracterizar certos personagens. O Chapeleiro Louco, por exemplo, aparenta ser mais um revolucionário político do que uma personagem imprevisível a confundir Alice.

Considerando prós e contras, o filme de Burton poderia ser bem melhor do que é, mas, em tempos onde o 3D e o visual imperam, há de o filme fazer grande bilheteria e estar bem inserido nesse contexto.

domingo, 18 de abril de 2010

2010, ano de copa

O ano de 2006 prometia uma Copa do Mundo magnífica tecnicamente. Pelos clubes, o Barcelona vinha fazendo apresentações incríveis sob o comando de Ronaldinho Gaúcho e ditava o futebol ofensivo como tendência. Entre as seleções, o time português encontrava um bom futebol com Felipão; a seleção inglesa era dotada de um bom meio de campo, além de boas apresentações da Argentina. Isso tudo sem falar da seleção brasileira, a favorita.

Tudo muito interessante, excluindo-se o fato de que a seleção campeã da Eurocopa naquela época, a Grécia, não apresentava um futebol ofensivo como credencial, e a seleção campeã das Américas, o Brasil, contava com Parreira, um técnico burocrático que perdeu o controle da equipe na presença dos titulares Cafu, Roberto Carlos e Ronaldo.

Apesar da promessa de bom mundial, o que se viu foi uma competição em que, afinal, o futebol defensivo da Itália acabou vencendo. Fora dos gramados, foi um mundial com grande importância política. A Alemanha pôde demonstrar-se como um país unido após a queda do muro de Berlim; sua torcida nunca foi tão calorosa, fazendo com que tal calor fosse transmitido a uma equipe pragmática, mas que, dentro de campo, fez valer a garra.

As similaridades de 2006 com 2010 são grandes: novamente temos um Barcelona que valoriza o futebol ofensivo e, mais do que tudo, há uma importância política no mundial. A África do Sul, dividida entre brancos e negros, tem a chance de apresentar união, calor e firmar a prática esportiva da Copa como um gesto político. Que tal gesto seja o da democracia e inclusão social.

domingo, 11 de abril de 2010

Zerovinteum

As chuvas que assolaram o estado do Rio de Janeiro foram o grande tema da pauta dos noticiários dessa semana. Entre os comentários, sobrou um pouco para todos. Descobriu-se que a Prefeitura da cidade do Rio chegou a fazer uma desapropriação para remover os moradores das áreas de risco, mas tais moradores não foram removidos dos locais porque não receberam as indenizações às quais tinham direito. E aí não tem como mesmo. Para onde eles iam, sem casa e sem dinheiro? Morar na rua, esperando a boa vontade e acolhimento de terceiros?

Outra descoberta, devido ao caos provocado pelas chuvas, foi a de que o ministério da Integração Nacional repassou, ano passado, metade de sua verba para os municípios da Bahia, justamente o estado do ministro. E, veja você, após esse repasse, o ministro se afasta para concorrer ao governo da Bahia. Geddel Vieira Lima (PMDB - BA), o ministro em questão, deve ser um homem sortudo por poder beneficiar tanto assim o seu próprio estado e, além disso, concorrer como governador, não?

Além da óbvia má gestão pública em todas as esferas, pesou, na tragédia, a concepção que temos de espaço urbano. Qualquer chuva mais forte causa tragédias em quaisquer estados brasileiros, seja no Rio, São Paulo ou Santa Catarina. O espaço urbano, do jeito que é utilizado, acaba sendo um monte de asfalto onde a água não pode correr. Mas não há problemas: um político jogará a culpa no outro, serão tomadas medidas paliativas e, até as próximas enchentes, a população ficará a salvo.

domingo, 4 de abril de 2010

O homem que tudo tem

Transcrevo abaixo parte da notícia retirada do sítio do uol. A reportagem completa encontra-se aqui.

"O matemático russo Grigory Perelman, 44, considerado um dos maiores gênios vivos do mundo, declarou (...) que não tem interesse em receber o prêmio de US$ 1 milhão a que tem direito por ter resolvido a chamada Conjectura de Poincaré.
Em seu apartamento infestado de baratas em São Petersburgo, Perelman afirmou, sem abrir a porta: "tenho tudo o que quero", segundo informou o jornal britânico Daily Mail.
(...)
A vizinha Vera Petrovna afirmou ao jornal britânico que já esteve no flat do matemático. "Ele tem apenas uma mesa, um banquinho e uma cama com um lençol sujo que foi deixado ali pelos antigos donos - uns bêbados que venderam o apartamento para ele".
"Estamos tentando acabar com as baratas nesse quarteirão, mas elas se escondem na casa dele", acrescentou.
Esse não é o primeiro prêmio esnobado por Perelman. Há quatro anos, ele não apareceu para receber a medalha Fields da União Internacional de Matemática."

Caro leitor, há de se observar que a ótica da notícia - focada nas baratas do apartamento do matemático - deixa de fora, basicamente, o que mais me espantou: o fato de alguém afirmar ter tudo o que quer. E mais que isso: o matemático prova o que fala, ao esnobar o prêmio.

A notícia, a meu ver, deveria ser: "matemático diz ter tudo o que quer", mas, ao dar o enfoque nas baratas, o noticiário tenta desmerecer o discurso de Perelman. Para a mídia e sua ideologia, o matemático é um excêntrico por esnobar dinheiro, e por isso ela tenta desarticular sua fala.

São ressaltados todos os traços de "maluquice" presentes no sujeito: o fato dele não ter atendido à porta, a ideia de seu apartamento estar infestado de baratas e dele ter comprado o imóvel de bêbados. O primeiro ponto a ressaltar é que todo mundo tem o direito à privacidade, e o fato dele não ter atendido à mídia não quer dizer nada. O segundo ponto: como a matéria pode falar que o apartamento está infestado de baratas se o matemático declarou, sem abrir a porta, ter tudo o que quer? A reportagem nem sequer entrou no local e tentou defini-lo. Depois, fica-se sabendo de como a reportagem teve acesso a essa "informação": através de uma vizinha que falou coisas pesadíssimas sobre o matemático.

A mídia, afinal, conseguiu o seu intuito: encontrou falas para desabonar o discurso de Perelman e assim ele é visto como um doido que esnobou um prêmio polpudo. Isso simplesmente pelo matemático não partilhar de uma ideologia cujo dinheiro está acima de tudo. Uma pena. Adoraria ver uma matéria sobre como um homem afirma ter tudo e, ainda por cima, é um gênio matemático.

domingo, 21 de março de 2010

A Justiça no caso Nardoni

Amanhã, depois de dois anos após a morte de Isabella Nardoni, o casal acusado de matá-la pode ser considerado culpado no júri e, finalmente, cair no esquecimento da mídia. Durante essa semana foram divulgadas as correspondências que Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá trocam entre si, cada um em sua detenção.

São cartas um tanto infantilizadas, com cada um dizendo amar o outro, perguntando da rotina diária dentro do presídio. Cartas, afinal, que não deveriam ter sido divulgadas ao público, simplesmente por seu conteúdo ser particular. A correspondência entre os dois serve apenas para ajudar no julgamento do casal, mas a mídia tem desses exageros.

Exageros que também são cometidos por pessoas: na internet, é fácil ler adjetivos como "monstros" sendo relacionados ao casal. Tanto a mídia como as pessoas têm o direito a esse tipo de reação. São passionais e um caso dessa magnitude mexe com nossos sentimentos humanos, mas a Justiça tem o dever de ser dissociada de qualquer ato passional.

Por não ser passional, talvez daí advém, justamente, o fato da instituição jurídica cair em descrédito na concepção da sociedade. O cidadão deseja uma instituição que o represente, e ao ver a sua passionalidade tolhida, sente falta de representatividade e descrédito pela instituição. Além disso, espanta ao cidadão a demora para definir-se algo no caso.

Por permitir ampla defesa e não ser passional, a Justiça pode até entrar em descrédito, mas é em momentos como o de amanhã que o cidadão médio sente-se "vingado" e acredita na Justiça. A democracia é árdua e exige instituições fortes, mesmo que para isso seja necessário um trabalho de conscientização.

domingo, 14 de março de 2010

Utopia

Caro leitor, estou lendo A Utopia, de Thomas More, e devo confessar: o livro me é prazeroso. No livro, é descrito uma sociedade cujo funcionamento seria perfeito; todos teriam condições de trabalho e a sociedade seria dividida em grandes famílias. O que mais espanta em A Utopia, é a veemente abolição da propriedade privada. Segundo More, as pessoas não teriam nem mesmo casa, pois, na parte de habitação, cada família moraria durante dez anos em uma residência para depois passar outros dez anos em outra. Isso, segundo o seu autor, faria com que as casas fossem igualmente bem cuidadas, afinal, se o cidadão quer habitar uma boa casa, ele deve deixar uma boa casa para outro. Na vida real, tal abolição de propriedade extremada não aconteceu nem mesmo após a reforma agrária cubana, proporcionada por Che Gevara e Fidel Castro, na qual cada habitante passava a ser dono de seu próprio lar, mesmo que morasse em casa de aluguel.

A Utopia tem como um de seus momentos mais interessantes aquele no qual fala sobre a veste de seus habitantes. Todos usariam o mesmo tipo de roupa, que seria simples e sóbrio. O cidadão utopiano desprezaria ouro, prata e pedras preciosas, pois, segundo More, o ouro seria dado aos escravos, que o usariam no pescoço e nos braços. Além disso, as crianças ganhariam ouro e prata para brincar, e, assim como a boneca é largada quando a criança cresce, ao chegar a adolescência, não haveria mais interesse por esses metais.

Em muitas vezes A Utopia lembra A República de Platão, por constantemente exigir um cidadão disciplinado, racional, com gostos simples e sempre agindo em concordância com o governo. Platão frequentemente amplia o seu escopo em torno de questões pedagógicas e propriamente filosóficas, o que More poucas vezes faz. É de A República a passagem mais celebrada em Platão, na qual é dito o mito da caverna. More não consegue se aproximar de tal passagem, mas, convenhamos, poucas vezes a literatura mundial teve tal brilho.

Passado o tempo, A Utopia demonstra uma influência inegável, a ponto de ser sinônimo das utopias propriamente ditas. O livro, lido hoje, tem seu valor como exortação a uma vida mais simples, racional e digna. Não podemos aplicar a estrutura da utopia de Thomas More em nossa sociedade (e ele mesmo sabia disso), mas, se conseguíssemos aplicar esse espírito de simplicidade, nossa sociedade seria acrescida de valores mais interessantes. Infelizmente, caminhamos ao oposto do imaginado por More. Vivemos em uma sociedade cuja necessidade de consumo é cada vez maior, e o valor do homem como consumidor é maior do que como o de cidadão.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Arruda preso


A cada notícia sobre o governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda, fica latente o desejo popular de retaliação ao político, atualmente sem partido. Responsável pelo mais novo mensalão e pelas cenas enojantes de políticos contado notas, o governador afastado, agora, parece não se encontrar bem de saúde.

Importante é notar o interesse de tal notícia. O público, sabedor que há de haver uma punição leve, anseia por Arruda ir de mal a pior. Nesse ínterim, o estado de saúde do governador serve como uma espécie de punição divina: há uma vontade de vê-lo chafurdando numa prisão pequena e sofrendo. Daí, advém a necessidade de se noticiar o inchaço dos pés de Arruda, que estariam "caminhando para uma trombose".

Obviamente, a mídia não divulga o estado de saúde muito pior da maioria dos detentos de nosso sistema carcerário. O governador afastado, preso e doente, é um caso raro e curioso, o qual o próprio público parece não acreditar e tem de observar diariamente para crer. Já sobre o nosso sistema carcerário, o público admite saber das suas reais situações, mas não deseja ver: a realidade, quando não é curiosa, é indiferente.

terça-feira, 2 de março de 2010

Dunga na Copa


A Seleção brasileira fez hoje o seu último amistoso antes da Copa do Mundo da África do Sul; o time, sem Ronaldo ou Ronaldinho Gaúcho, nem de longe lembra aquela equipe designada para a Alemanha em 2006. Naquele ano, tínhamos um "quarteto mágico" e poucas dúvidas com relação a quem Parreira deveria convocar. Deu no que deu.

Após um fiasco monumental, a CBF se viu obrigada a reformular a equipe e, para isso, chamou um sujeito que até então nunca havia sido técnico na vida. Obviamente, Ricardo Teixeira, ao chamar Dunga, não tinha ideia do sucesso que este faria, mas, na época, pensava em dar uma resposta à mídia. A Seleção brasileira, considerada apática e cheia de estrelas, estaria com um técnico com garra e reconhecido como disciplinador: o próprio Romário afirma ter sido disciplinado pelo então capitão da equipe brasileira em 94. Com Dunga como técnico, deu no que deu.

A equipe, aos poucos, foi sendo montada com jogadores "operários", gente do estilo de Elano e Gilberto Silva, muitas vezes criticados, mas que ajudam no esquema tático como um todo. Agora, às vésperas da Copa, a mídia volta a pedir Ronaldinho Gaúcho e reclama da lateral esquerda da Seleção. Não vejo motivos para a volta do Ronaldinho: mesmo quando jogava bem no Barcelona, em seus tempos áureos, ele ia mal na Seleção. Não há motivos para crer que com apenas uma boa seqüência de jogos no Milan ele irá conseguir fazer o que não fez quando no time Catalão.

Já a lateral esquerda preocupa, mas tudo bem: que venha a Copa do Mundo.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O heroísmo nos tempos de consumo

Assistindo à novela "Viver a Vida", da Rede Globo, podem ser notados vários padrões ideológicos que permeiam a nossa sociedade, e um deles é sobre como anda nossa concepção de heroísmo. No final de cada capítulo, há relatos de pessoas reais. Tais relatos tentam servir como "exemplo de superação", um modelo a ser seguido. Neles, geralmente uma pessoa conta sobre um momento difícil em sua vida e como conseguiu superá-lo. Trata-se, obviamente, de dar um verniz de heroísmo a pessoas do cotidiano.

A novela, ao demonstrar alguém que superou dificuldades para participar de nossa sociedade, faz de tal pessoa um herói e, ao demonstrar que é herói aquele que consegue interagir socialmente, induz o telespectador a tratar a sociedade como algo sem falhas, abençoado por Deus e bonito por natureza. Fica no inconsciente, então, a ideia de que o herói é aquele que atingiu a satisfação por ser mais um sujeito socialmente aceito.

Oras, caro leitor, o modelo de herói típico é exatamente o oposto. O herói tradicional, mítico, é aquele que justamente abandona a sociedade de alguma maneira, passa por provações e retorna trazendo um conhecimento novo. Exemplos não faltam: Moisés saiu da sua comunidade para subir à montanha e voltar com os dez mandamentos; Jesus Cristo teve de ir ao deserto, ser tentado pelo demônio para voltar e por aí em diante. O herói mítico é aquele que transforma a sociedade através de um conhecimento alheio a ela.

Com o herói de "Viver a Vida", ocorre justamente o contrário: na ideologia da novela, o sujeito deve transformar-se para poder conviver satisfatoriamente. Não é o sujeito que transforma a sociedade, e sim esta que o transforma. O heroísmo, nos tempos de consumo, é poder consumir como os outros. E assim, a sociedade não serve o homem: o homem serve à sociedade.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A semana

O homicida médico
Médico de Michael Jackson foi acusado de homicídio culposo e o caso vai ser daqueles, com a imprensa mundial e um grande número de fãs do cantor sedentos pela declaração de "culpado". A justiça, que deveria ser cega para todos, nesse caso vai dar uma espiadinha.


O rei das pedaladas
Robinho voltou e com ele se firma o modelo iniciado por Ronaldo e depois Roberto Carlos: o clube correndo atrás de patrocínio para bancar o alto salário de um jogador com grande status.


O urânio do Irã
Esse papo do enriquecimento do urânio do Irã é mais um daqueles que acaba solidificando a imagem de "eixo do mal". A imprensa tem o que falar.


Boris Casoy e suas ações
O infeliz comentário do Boris sobre os garis vai lhe render 13 ações. Capaz da Band ainda falar em censura.


FHC contra PT
O artigo de FH no Estadão gerou respostas do PT, mas, a longo prazo, o silêncio de José Serra é o que vai dar o que falar.


Ao leitor
Boa semana.

domingo, 31 de janeiro de 2010

O clube, o Estado e o produto

Todo o imbróglio Google x China, no qual o Google anunciou inclusive deixar o país, caso continuasse a sofrer interferência e censura do governo chinês, faz-nos pensar, como bem lembra o amigo Alexandre, de que a empresa parece agir como um Estado. Fato é que a China quer interferir na autonomia da empresa e vice-versa.

Se tivermos em mente a concepção do Estado como a de um governo que legisla, julga e executa, o Google aparenta ter desenvolvido status de Estado. Ao ver a sua "legislação" (liberdade de conteúdo) sendo burlada pelo governo chinês, a empresa julga e executa como medida cabível a de retirar-se da República Popular da China. A empresa, enfim, parece assemelhar-se a um Estado.

Essa aproximação torna-se mais latente se pensarmos no presidente como um produto midiático, pronto a ser consumido. A campanha presidencial de Barack Obama foi reconhecida no Cannes Lions, ganhando os prêmios de "Titanium Grand Prix" e "Integrated Grand Prix". Lula é outro produto midiático, com filme e tudo mais para ser consumido.

A empresa como Estado e o presidente como produto estão interligados e são possíveis, basicamente, por vivermos numa sociedade consumista na qual tudo possui um valor de mercado - e a função da crítica torna-se atribuir um valor, ao invés de questionar tal valor.

As notícias, vindas das mais variadas mídias, tem, em tal sociedade, o dever de digerir o fato em produto, para que o consumidor decida se o consome ou não. A ideia de vivermos num mundo de superinformação, nada mais é, a ideia de sermos empurrados sistematicamente a consumir alguém ou algo, seja ideologia, filme, música, série, fato ou Estado.

Talvez, a grande sacada da sociedade de consumo - e o motivo dela perdurar de maneira cada vez mais vigorosa - seja justamente sua capacidade de transformar qualquer coisa como material de consumo. Os materiais de consumo são tantos e tão variados, que até a ideologia anticonsumista acaba sendo consumida: o filme clube da luta - possuidor de uma mensagem veementemente anticonsumista - é consumido em edição de luxo. Sinal dos tempos.




domingo, 24 de janeiro de 2010

O ano de Obama

Barack Obama, mesmo depois de um ano no qual obteve mais acertos do que erros, vê seus índices de popularidade caírem além do esperado; o pior: as urnas não lhe anunciam nada de favorável para as eleições legislativas de 2010, já que o partido Republicano tem se mostrado o favorito do eleitorado.

Uma queda de popularidade após o primeiro ano de mandato é sempre esperada, mas com Obama o negócio se deu de forma acentuada. Barack, após um ano tentando implantar um sistema de saúde eficaz e universal nos EUA e reerguer a sua economia, toma outra atitude correta: o presidente pretende regulamentar melhor os bancos, para que outras bolhas econômicas não ocorram e a crise não volte.

Apesar de fazer o certo, o eleitor médio não mantém em grande valia o esforço de Obama. Parte da explicação reside na campanha presidencial de 2008, na qual foi vendida a imagem de Barack como o Messias dos EUA. Milagres? Sim, nós podemos. Além disso, acrescente-se o fato de que, em verdade vos digo, o eleitor médio não tem ideia sobre a função de um presidente. Imagina o eleitor a função de presidente como a de alguém que pode melhorar ou piorar o seu país, ao seu bel prazer. Confrontada a realidade, pensa o eleitor médio ser falta de vontade do presidente a permanência das mazelas.

Depois de enfrentar um 2009 cuja política foi voltada para atenuar a crise econômica, 2010 será outro ano difícil para o presidente dos EUA: além de tentar sustentar a melhoria econômica, Barack irá enfrentar um legislativo oposto ao seu governo. O primeiro presidente americano negro merecia melhor sorte.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Avatar e sua revolução

Após semanas de massivo marketing, boas críticas e sucessivos recordes de bilheteria, Avatar, filme de James Cameron (o senhor responsável por Titanic), dá um avanço rumo ao Oscar 2010, ao ganhar o Globo de Ouro de melhor filme de Drama. De início, há de se questionar se Avatar se enquadra na categoria drama. Aventura seria um rótulo mais apropriado e, mesmo considerado aventura, não vejo Avatar como o melhor do ano.

Creio que, para ser considerado como melhor do ano, em qualquer categoria, a coisa mais importante seja a estética do filme. Em outras palavras, o roteiro, a fotografia, a edição e tudo o mais têm de operar em conjunto para dar uma estrutura narrativa coesa e bem trabalhada. Avatar é um filme todo voltado para sua nova tecnologia, desfazendo qualquer hipótese de uma estrutura narrativa coesa. Atrás de sua "revolução", James Cameron usou um roteiro seguro, com clichês e pouco se preocupou com um desenvolvimento estilístico interessante.

A questão, dito isso, é se Avatar é essa revolução pregada por aí. E, de fato, não é. Avatar, obviamente, apresenta uma tecnologia incrível e está dando vazão a uma moda 3D no cinema, com vários filmes sendo anunciados nesse formato. O problema é que o 3D é coisa antiga (Freddy Krueger "morreu" em 1991 saltando aos olhos do povo) e nunca acabou pegando pra valer. Atualmente, em tempos de pirataria, os estúdios veem nesse formato a possibilidade de atrair novamente o público às salas de cinema. Talvez venha daí a necessidade de se premiar Avatar e congratular sua "revolução". Mesmo que seja na categoria drama.


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Boris Casoy, jornalista




Boris Casoy é o caso de jornalista bem sucedido. Passou por várias emissoras de televisão, possui anos de experiência nas costas e, basicamente, representa a ideologia vigente no telejornalismo brasileiro. Dia desses, sem saber que o áudio de seu microfone vazava, Boris comentou, sobre uma matéria na qual apareciam dois garis desejando felicidades para 2010: "que merda, dois lixeiros desejando felicidades...do alto de suas vassouras... dois lixeiros... o mais baixo na escala do trabalho".

Eis aí: a fala de Boris é a de uma elite apegada aos bens materiais, julgando a ética de uma pessoa pelo seu trabalho. Esta elite acredita que, de alguma maneira, o trabalho e dinheiro que a pessoa possui define e limita a sua característica psicológica, ética e moral. É a maneira que tal elite encontra para legitimar a necessidade de bens de consumo e a busca incessante por capital.

O telejornalismo está nas mãos dessa elite e a maioria das produções culturais também. Boris simplesmente expôs a essência dessa ideologia, sempre camuflada e insistentemente martelada através de intervalos comerciais de trinta segundos que nos tentam impor a necessidade de participar de uma sociedade de consumo. É o mundo, e Boris, em si, é um joguete ideológico da elite consumista.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Em 2010

Dois mil e nove foi, dois mil e dez chegou. A grande notícia do ano passado foi que a crise global, afinal, dispersou-se. Outras crises virão, pois o capitalismo funciona à base de ciclos, mas pelo menos dois mil e dez será um ano melhor na parte financeira.

Internacionalmente, o presidente dos EUA e ganhador do Nobel da paz, Barack Obama, continuará com sua guerra no Afeganistão. A questão de Copenhagen pelo clima ficou em aberto, mas demonstra uma má visão generalizada para o próximo encontro a se realizar nesse ano no México.

Cá na terra, teremos uma eleição presidencial que, até então, é uma incógnita. Se de um lado há um candidato da oposição com mais experiência política, do outro há a candidata da situação com a máquina e um padrinho forte na mão. Pesa o fato de nenhum dos dois ser carismático. No fim das contas, o futuro do país será parecido, pois o projeto de ambos é próximo.

Na Copa do Mundo, o Brasil chega ao torneio com uma equipe cujas chances de título soa grandes. A Espanha joga um bom futebol e as grandes equipes de sempre vão dar trabalho. O legal, mesmo, vai ser ver a Copa no continente africano.

No fim, 2010 vai ser um bom ano.