domingo, 10 de maio de 2009

Das eleições de 2008

Achei um barato a candidatura a vereador do Serginho Mallandro. Divertido, bem-humorado e carismático, o Mallandro é uma figura que possui proporções míticas nas minhas lembranças infantis. A sua famigerada "Porta dos Desesperados" me fez, inúmeras vezes, ficar grudado na tela da tevê nas manhãs dos dias de semana. Aquele homem cantando "Um capeta em forma de guri" sempre me deu a sensação de que ser arteiro era bom e não fazia mal a ninguém. Aliás, seria até a obrigação de qualquer garoto saudável aprontar alguma de vez em quando. Proporções míticas nas minhas lembranças infantis, só isso.Pois cresci, o tempo mudou, e Mallandro já passou por poucas e boas.

Desde a acusação de estupro por uma das malandrinhas ao uso de drogas, o verdadeiro problema de Serginho foi um só: a baixa audiência. Mallandro sofreu o que todos os apresentadores de programas infantis dos anos 80 sofreram: uma queda de diálogo com a geração de crianças que crescia e a dificuldade de adequar um discurso à geração vindoura. Angélica, Eliane, Mara Maravilha e Xuxa, assim como Serginho, nunca mais conseguiram encaixar um programa infantil de sucesso. O Mallandro tentou outros públicos e, com suas pegadinhas de péssimo gosto, chegou a ter algum tipo de ibope. No fim, como era de se esperar, a fórmula de pegadinhas se esgotaria e o Serginho voltaria ao limbo. As acusações que se seguiram foram reflexo dessa queda artística. Serginho teria ou não estuprado uma malandrinha? Ele usaria ou não drogas? Talvez essas acusações até prolongaram o nome do Mallandro na mídia, mas não o ajudaram a emplacar qualquer sucesso. No caso da malandrinha, Serginho foi inocentado (e eu acredito que ele tenha ido para a cama com ela, mas possuindo o consentimento da moça) e, quanto às drogas, nunca se provou nada contra ele.

Como disse lá atrás, achei um barato a candidatura do Mallandro, mas isso não quer dizer que eu concorde com ela. Serginho nunca apresentou qualquer indício de projeto para a sociedade como um todo e sequer demonstrou relação alguma de cuidado com o bem público. Ao ver a foto do Mallandro no sítio do TSE, continuei imaginando que ser arteiro é bom e não faz mal a ninguém, desde que isso não interfira na vida pública de uma cidade.Obs: Mallandro não ganhou a eleição. Melhor para a vida pública de São Paulo.