segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

As faces de Dilma

Dilma Roussef, enfim, apareceu sem peruca, que passou a usar devido às sessões de quimioterapia para combater o câncer linfático. O novo visual, cabelos curtos e escuros, com uma franjinha meio Beatles, dá um ar um tanto moderno, mas não é o visual que provavelmente os marqueteiros petistas desejam.


Dilma sempre possuiu um visual técnico, com roupa social e óculos a ocultar qualquer traço feminino contido nela. Roussef aparentava negar o próprio sexo a favor de um discurso (em tese) neutro, e, a qualquer traço de vaidade, como um batom mais chamativo, por exemplo, a neutralidade de seu discurso estaria comprometida.


A partir do momento no qual Dilma entra em uma disputa eleitoral, a sua imagem neutra teria de mudar e foi detectado, corretamente, a necessidade da candidata assumir o seu aspecto feminino. Demonstrar um pouco de vaidade, ressaltando um aspecto mais pessoal, faz com que o eleitor simpatize com essa pessoa que, afinal, é uma mulher, gente como a gente, não uma burocrata tecnicista a desferir palavras de como as coisas devem ser feitas.


Chegando as eleições, a possível imagem da Dilma pode ser a da guerreira a lutar contra um câncer, a de uma mulher feminina cuja peruca foi abandonada na tentativa de se despir do jargão técnico e burocrata. Vai ver, funciona.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Semana

15 anos da morte de Tom Jobim
O autor de "Wave" morreu em 08/12/1994 e pouca gente se lembrou; mesmo a Rede Globo, emissora que utiliza a voz do maestro diariamente como tema de novela, nada falou. Vai ver, Ivete Sangalo deve ter melhor sorte no imaginário popular.

O assistencialismo de Arruda
José Roberto Arruda, em acordo de cavalheiros, desfiliou-se do DEM para evitar o mal estar de uma expulsão às vésperas das eleições. Além do escândalo do mensalão, eu atento para a explicação de Arruda ao legitimar o corrupto dinheiro: compra de panetones. Mesmo que a tal compra fosse verdade, seria um descaso com a verba pública o gasto assistencialista tão mal investido.

"Quero saber se o povo está na merda e quero tirar o povo da merda em que se encontra".
Do presidente Lula, no Maranhão, ao prometer, para cerca de 2 mil pessoas, que iria investir mais em saneamento.
Lula muitas vezes fala como se estivesse numa mesa de bar entre amigos e isso é engraçado, mas tem limite. O Presidente da República Federativa do Brasil tem de demonstrar, pelo menos, certo decoro e evitar palavras como "merda". Saneamento básico, afinal, é uma questão séria.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Fluminense como paradigma da redenção cristã

O Fluminense garantiu hoje, após empate com o Coritiba, sua permanência na série A do Campeonato Brasileiro de 2010. Depois de uma longa estadia na última posição do Campeonato e, em determinado momento, praticamente sem chances matemáticas de se safar do rebaixamento, o time das Laranjeiras começou uma operação digna de um milagre.

Alternando-se entre jogos da Copa Sul-Americana e do Brasileirão, o Fluminense passou a desempenhar uma série invicta e a realizar grandes apresentações. O que mais chamou a atenção foi a simpatia com que o time acabou sendo acolhido por outras torcidas. Até flamenguistas declararam-se torcedores do rival.

Mais do que gostar do bom futebol apresentado pelo Fluminense, o motivo para o interesse dos torcedores de outros times advém das condições nas quais o resultado veio. O Flu conquistou o seu lugar no coração de todos por representar o modelo típico da redenção cristã.

Dentro da mitologia do cristianismo (e talvez a figura mais representativa dela) está a do sujeito em busca de redenção, aquele o qual após pecar, descobre a Palavra e é convertido. Santo Agostinho e São Paulo, duas das figuras máximas cristãs, eram pecadores que foram convertidos em busca de redenção.

E aí entra o futebol. O Fluminense, na zona de rebaixamento, era o exemplar do pecador em estado de desgraça. Perdia jogos e seus jogadores eram desacreditados. Mas, então, como o apóstolo da Palavra, chega Cuca e, na tentativa de já preparar o time para a série B, começa a eliminar jogadores mais antigos, como o zagueiro Luiz Alberto e o goleiro Fernando Henrique. Tal medida é a do cristão expiando seus pecados para se converter à vida santa. E hoje, enfim, o Fluminense é convertido e segue na série A do Campeonato Brasileiro.

Portanto, é atuando como o paradigma da redenção cristã dentro do nosso inconsciente que o Fluminense angaria a simpatia dos diversos torcedores do Brasil. Ano que vem tudo volta ao normal.