domingo, 23 de agosto de 2009

South Park


Fiz uma crítica ao desenho "Os Simpsons" em um outro texto meu. Nele, eu chegava à conclusão de que o referido desenho, por meio de uma crítica à sociedade norte-americana leve e descompromissada, acaba ansiando pelo status quo social. Todas as instituições são agredidas, mas, no final, sempre a instituição "Família" é preservada. Além do mais, posso até estender meu comentário aqui afirmando que "Os Simpsons" carrega um pensamento burguês neo-liberal; personagens como Lisa e Margie são bem sucedidas, apesar do constante obstáculo ao seu sucesso imposto pelas instituições. Assim, sob a perspectiva do desenho, cada cidadão é capaz de desenvolver sua vida social satisfatoriamente, por meio de méritos próprios, independente da crise institucional generalizada a qual o personagem possa se achar.

Agora, chega de Simpsons, pois é a vez de analisar outro desenho: "South Park". Esse desenho, considerado mais escatológico, ácido e grosseiro, é também um desenho mais crítico, se comparado aos Simpsons. Não que South Park seja um primor de crítica ao atual american way of life, mas o desenho é mais niilista. Nele, nenhuma instituição resta de pé, e todas, inclusive a família, são sistematicamente destruídas a cada episódio. Não é ressaltado nenhum mérito pessoal que qualquer personagem possa ter, e todas as correntes ideológicas são criticadas. O menino judeu, o gordo, o pobre, o classe média, o rico, o deficiente, enfim, todos, possuem os mesmos problemas de se viver numa sociedade medíocre, e não há méritos individuais que os possam salvar.

South Park aborda questões espinhosas: racismo, sexo, educação e mídia estão no cerne da animação. Além desse ponto, o desenho chega a discutir o próprio formato do discurso, quando aborda a loucura a qual a comunidade norte-americana está chegando ao se importar tanto com o politicamente correto. Definitivamente, South Park não tem a intenção de ser artístico ou a preocupação de fazer uma crítica séria e embasada; é um desenho niilista, politicamente incorreto e, por isso, sua crítica ao status quo surte mais efeito.