domingo, 16 de maio de 2010

O ciclo de Paulo Coelho

Paulo Coelho é um caso sui generis. Escritor popular, um dos raros a sobreviver da escrita no Brasil, possuindo amplo sucesso no exterior, Coelho conseguiu feito que gente do calibre de Mário Quintana e Oswald de Andrade não conseguiram: participar da Academia Brasileira de Letras. Agora, Coelho demonstra ser mais sui generis ainda, pois tem o mercado editoral a seus pés, ao escolher a editora do seu próximo livro.

E, afinal, o que me leva a escrever este post é o título do próximo livro do autor: O Aleph. Paulo Coelho várias vezes deu demonstrações de uma certa arrogância intelectual e agora o caso é mais grave, de afronta mesmo. Que diabos o Paulo Coelho tem de colocar o nome da obra do Borges em livro seu? E eu afirmo isso não como aquele sujeito a imaginar os clássicos como livros inabaláveis e puros, mas sim preocupado com a insistência de Coelho em tentar dialogar com os autores canonizados pela crítica literária.

Coelho, é sabido, padece de uma dor de cotovelo para com os autores do cânone literário; depois do sucesso, o desejo dele é o de ser reconhecido pela crítica. Mas, ano após ano, ao invés de buscar uma sólida formação como escritor para ser reconhecido, Coelho apenas critica os clássicos, na tentativa de inferiorizá-los. E agora, além de criticar tais livros, ele tenta dialogar com eles via título. Obviamente não dará certo, Coelho será novamente criticado e no seu próximo livro ele voltará mais uma vez a inferiorizar os clássicos e tentar ser reconhecido pela crítica. É um ciclo, enfim, que não tem fim.