segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Avatar e sua revolução

Após semanas de massivo marketing, boas críticas e sucessivos recordes de bilheteria, Avatar, filme de James Cameron (o senhor responsável por Titanic), dá um avanço rumo ao Oscar 2010, ao ganhar o Globo de Ouro de melhor filme de Drama. De início, há de se questionar se Avatar se enquadra na categoria drama. Aventura seria um rótulo mais apropriado e, mesmo considerado aventura, não vejo Avatar como o melhor do ano.

Creio que, para ser considerado como melhor do ano, em qualquer categoria, a coisa mais importante seja a estética do filme. Em outras palavras, o roteiro, a fotografia, a edição e tudo o mais têm de operar em conjunto para dar uma estrutura narrativa coesa e bem trabalhada. Avatar é um filme todo voltado para sua nova tecnologia, desfazendo qualquer hipótese de uma estrutura narrativa coesa. Atrás de sua "revolução", James Cameron usou um roteiro seguro, com clichês e pouco se preocupou com um desenvolvimento estilístico interessante.

A questão, dito isso, é se Avatar é essa revolução pregada por aí. E, de fato, não é. Avatar, obviamente, apresenta uma tecnologia incrível e está dando vazão a uma moda 3D no cinema, com vários filmes sendo anunciados nesse formato. O problema é que o 3D é coisa antiga (Freddy Krueger "morreu" em 1991 saltando aos olhos do povo) e nunca acabou pegando pra valer. Atualmente, em tempos de pirataria, os estúdios veem nesse formato a possibilidade de atrair novamente o público às salas de cinema. Talvez venha daí a necessidade de se premiar Avatar e congratular sua "revolução". Mesmo que seja na categoria drama.