domingo, 25 de outubro de 2009

Sobre Lula ser Jesus...

Muita celeuma foi criada em torno da polêmica declaração do presidente Lula, a de que, para ter governabilidade no Brasil, até Jesus Cristo teria de se unir a Judas. Parte dessa celeuma é até fundada, afinal, qualquer cristão não gosta do nome de Jesus ser falado em vão, ainda mais em conjunto com o de Judas. Mas, a polêmica não devia ter ficado apenas no campo religioso.

Lula, ao se comparar com Jesus, mais uma vez demonstra arrogância e prepotência. O presidente se considera um messias iluminado, o ser posto na terra para salvar-nos. E esse complexo de messias não é culpa só de Lula, mas foi colocado em sua cabeça devido à esquerda míope dos anos setenta e oitenta, que via em sua figura a do Salvador a vingar o proletariado na luta de classes. Pois bem, Lula venceu as eleições, inclusive se reelegendo, e a luta de classes continua aí.

Entretanto, incauto leitor, não se atenha a essa minha crítica; José Dirceu, antigo homem forte do governo, saiu em defesa do Presidente, dizendo o seguinte: "Pouco importa o exemplo por ele utilizado e sim o fundamental que continha sua fala: o atual sistema político eleitoral e partidário brasileiro conduz necessariamente a governos de coalizão, nem sempre programáticos e muito menos ideológicos".

Eis aí, José Dirceu disse tudo. O governo Lula não é programático e muito menos ideológico. O PT, para se eleger em 2002, abdicou de toda a sua ideologia e traiu todos os seus partidários, entrando num esquema cada vez mais próximo ao daqueles partidos que sempre repudiava. Lula, ao se comparar com um Jesus unindo-se a Judas, demonstra um desprezo por sua aliança e um descaso com a opinião pública. A sua aliança deveria chiar.

Em tempo: Jesus Cristo nunca se uniria a Judas para assegurar a governabilidade no Brasil. Ele nunca pensou em governar, abdicando dos desejos fúteis de poder. Lula deve ter se esquecido que, no deserto, a segunda tentação de Jesus foi a promessa de poder proposta pelo diabo. E Cristo recusou.